Sementeira de Paz

Capítulo CV

Muitos são agora os companheiros



22/12/1948


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, intensificando a paz em seus caminhos, com muita alegria, saúde e bom-ânimo.

Naturalmente, temos dois acontecimentos expressivos a celebrar o aniversário do Rômulo e a chegada do Roberto, cuja presença nos infunde sincero contentamento.

Recordando o 19 de dezembro corrente, embora com atraso no calendário, venho trazer-lhe, meu filho, o abraço de sempre, repleto da amizade e do reconhecimento de cada dia. Não somente minha voz se ergue para cumprimentá-lo. Temos numerosos amigos que lhe felicitam, efusivamente, trazendo-lhe as suas vibrações de simpatia e ternura, cada vez mais intensas, à face de sua lealdade aos princípios superiores que abraçou em nome do Evangelho.

Cada ano, meu caro Rômulo, na experiência de um trabalhador de Jesus, é uma coleção de flores e frutos abençoados, na sementeira e na colheita da eternidade. A nossa conta, em matéria de felicidade no setor “tempo”, não se baseia na expressão numérica dos dias, mas sim pelos serviços feitos, pelas obras realizadas, pelos empreendimentos vividos no bem de todos.

Felizmente, vemo-lo esquecido, muita vez, de seus próprios interesses mais imediatos e mais íntimos por entregar-se ao trabalho comum em favor do espírito coletivo. Em muitas ocasiões, você leva muito longe os sacrifícios das próprias forças, entretanto, é mais agradável para mim assinalar-lhe a sublime extensão do ideal de ser útil e de estender a luz cristã, no exemplo vivo, porquanto é motivo de honroso júbilo para o espírito o ato de consagração de nós mesmos à rota edificante a que nos devotamos. Jesus lhe fortaleça as energias cada vez mais para que os seus passos sejam marcados por tarefas redentoras.

Graças ao Alto, e ao seu esforço perseverante no bem, seu espírito converteu-se em instrumento ativo de elevadas realizações evangélicas nos círculos em que as suas atividades se desdobram, e minha satisfação é realmente muito grande, identificando-lhe a marcha. Possam os seus dias se multiplicarem indefinidamente na experiência atual, tão frutífera e tão luminosa aos nossos olhos. É o que rogo ao Senhor, de pensamento confiante, esperando que você possa enriquecer cada vez mais intensivamente o ministério humano-espiritual em que se encontra valorosamente empenhado.

de serviço que nos compartilham das preces e ações nas horas dedicadas ao magnetismo curador. Estamos ricos de amizade, de carinho, de simpatia e cooperação.

Comove-me a extensão de comunidade hoje integrada em nossos serviços da semana e se não insisto em providências mais eficientes para que você e Maria os vejam tais quais são é que não devo interferir nos imperativos benéficos que nos presidem a missão.

Os anos, porém, por cheios de luta digna, correm apressados a nosso parecer e com a passagem dos dias vocês sentirão mais próximos e mais seguros esses companheiros afeiçoados, que nos vão acudindo ao ideal de servir em nome do Cristo, alistando-se voluntariamente sob nossa bandeira de fraternidade e socorro espontâneos. Deus os abençoe e lhes converta o tempo na existência de agora em venturoso curso de preparação para a Vida Mais Alta.

Peço a você usar os medicamentos indicados por mais 6:8 dias. Realmente, houve um “abalo sísmico” sem maior importância. Meu registro particular está vigilante e não têm faltado os recursos reequilibrantes. Os passes e a medicação vão funcionando muito bem e só peço a você guardar-se na sua tradicional atitude de trabalho, com otimismo e serenidade.

Como não possuo o que desejo para exprimir-lhe paternalmente a minha alegria pelo aniversário feliz, ofereço a você o Salmo CXI [Sl 112:1, na versão hebraica], na tradução de Matos Soares. O trabalhador do Cristo, fiel à sua missão, pode cantar com alegria o hino dos justos e dos limpos de alma e coração.

Quanto ao nosso Roberto, destaco prazerosamente as conquistas pessoais que vai realizando com segurança e boa vontade. Noto-lhe mais senhor do caminho, de caráter temperado na forja da boa luta, sabendo pensar, projetar e desejar. No campo do coração, creio que a melhor conselheira ainda e sempre será a mamãe.

Quantos ajustes forem aprovados por ela, quantos serão recebidos alegremente por nós todos. Peço a Jesus conceda ao meu neto uma estrada cheia de luz e de santos incentivos à obra que veio realizar. Estamos perante a eternidade e devemos louvar a claridade que nos enriquece a visão para a jornada até os mais altos cimos.

Agora, meus filhos, reúno-os num grande e apertado abraço de Boas Festas. Seja o Natal do Mestre uma recordação sublime, como sempre, para nós todos.

À frente desse belo dia, elevo ao Poder Celestial os meus votos ardentes para que vocês se unam cada vez mais e mais intensamente, projetando bênçãos e luzes em torno dos próprios passos.

Flores de alegria chovam sobre o lar que vocês povoam de pensamentos edificantes e salvadores, e estendendo meus votos ao nosso amigo General Aurélio, e a todos os que nos partilham a jornada, deixa-lhes o coração reconhecido o papai e vovô muito amigo de sempre,




Nota da organizadora: “Salmo CXI – Felicidade do Justo – Aleluia. Ao regressar de Ageu e de Zacarias – Bem-aventurado o homem que teme o Senhor, e que põe as suas delícias em cumprir os seus mandamentos; Poderosa será a sua posteridade sobre a terra; Há glória e riqueza na sua casa, e a sua justiça permanece por todos os séculos; Nas trevas (do infortúnio) surgiu uma luz para os retos; ele é misericordioso, compassivo e justo; Ditoso o homem que se compadece e empresta (aos pobres); ele disporá os seus discursos com juízo; Porque nunca será abalado; A memória do justo será eterna; não temerá ouvir notícias funestas. O seu coração está sempre disposto a esperar no Senhor; Fortalecido está o seu coração, não será abalado, até que contemple com desprezo os seus inimigos; Distribuiu, deu aos pobres; a sua justiça permanece por todos os séculos; o seu poder será exaltado na glória; Vê-lo-á o pecador, e se indignará, rangerá os dentes e se consumirá; porém o desejo dos pecadores perecerá.” – Da Bíblia Sagrada, tradução do Padre Matos Soares – Porto, Portugal, 1933.