14/12/1946
Meus filhos queridos, Deus abençoe a vocês todos, conferindo-lhes muita paz ao coração.
Pedi com insistência aos nossos amigos cessassem as manifestações pessoais ao professor humilde para que se expresse aqui o paternal coração.
As palavras do Rômulo tocam-me o espírito. As lágrimas correm-me também dos olhos e procuro romper os véus da profunda emoção para agradecer-lhes o carinho. Quem poderá definir o perfume das flores que colhemos agora? Quem poderá aquilatar a nossa alegria, entrelaçando os pensamentos na mesma vibração? Só o silêncio da prece pode falar tão intimamente, sem palavras articuladas, porque o verbo humano ainda é pobre para gravar essas emoções que nos arrebatam à Espiritualidade Superior.
Doze anos passaram céleres, mas o amor cresceu em cada dia. Vocês todos ainda são minhas crianças queridas, meus alunos do coração!
O jardim da alma permanece cheio de vozes e vocês permanecem comigo, ligados para sempre ao meu ser. Como não ser assim, meus filhos, se o espírito é eterno, se o amor é imortal? Procurem guardar da vida humana os tesouros do tempo. Toda a experiência na carne passa breve. Tudo é aprendizado.
Amem-se uns aos outros com a simplicidade do começo difícil, ajudem-se reciprocamente, creiam em Deus e em vocês mesmos, e procurem no trabalho honrado e digno a luz divina que a Terra pode proporcionar! Auxiliem-se mutuamente. Calem tudo o que possa traduzir inferioridade no caminho de cada dia. E nunca se esqueçam de que a existência na Terra é um simples episódio da eternidade.
Pudesse voltar aos meus tempos idos e encontraria mil modos de retificar a luta, buscaria processos mil de servir a Deus com mais calor e mais confiança e, hoje, abençoo todas as dificuldades vencidas, todas as dores atravessadas, porque só a luta pode estruturar a felicidade real, quando bem vivida, bem sentida, bem aproveitada.
Vejo-os aqui, os três mais extremamente associados ao esforço de cada dia. Recordo-me de nossas conversações de outro tempo e quero fazer-lhes sentir que eu não morri, nem desapareci no campo das sombras. Estou mais ativo que nunca! Sinto-lhes os pensamentos mais íntimos.
Vivo com vocês no fundo dos vales da preocupação ou me elevo na companhia de seus corações quando se dispõem a buscar aspirações elevadas. Façam da experiência humana um livro divino, onde cada capítulo signifique esforço no serviço edificante e perseverança no bem.
Ainda que todas as circunstâncias sejam desfavoráveis, confiem no Poder Maior, que nunca proporciona justiça tardia. Sofram por amor da fraternidade, da paz e do entendimento uns com os outros.
Se o salário de um servidor humilde da gleba não é esquecido, por que seria vão o ministério dos homens de bem? Aprendamos a servir por amor a Deus, a lutar por dedicação à paz coletiva e por espírito de construção na Eternidade. A você, Roberto, o meu grande abraço. Desejava transformar a noite de hoje numa homenagem à sua formosa realização. Queria comentar seu esforço e sua vitória, mas as lágrimas do velho coração de pai não deram lugar nesta noite aos júbilos do vovô. Falarei a você em outra noite. Deus o abençoe.
Meus agradecimentos sinceros à irmã Júlia, ao Rômulo, Maria, Fausto, José, Roberto e Wanda, a todos vocês, meus filhos, que me trouxeram as com a alegria que devemos cultivar pelo meu décimo-segundo ano de trabalho novo.
Não lhes posso escrever mais. Agradeço, Rômulo, profundamente comovido, as suas palavras. Conduzi-las-ei comigo, como hino do viajor alegre e feliz por haver encontrado flores de amor a caminho de uma vida mais alta.
Adeus. Guardem o coração agradecido do papai.
Nota da organizadora: Vovô Arthur desencarnou a 14 de dezembro de 1934, portanto, da data da mensagem, decorreram-se 12 anos.
Nota da organizadora: Relembrando, Júlia era a minha avó materna e José, o filho adotivo do vovô Arthur. Para maiores dados da família Joviano e Amorim, sugerimos a leitura de Sementeira de luz (VINHA DE LUZ, 3. ed., 2008), Deus conosco (VINHA DE LUZ, 2. ed., 2
008) e Militares no Além (VINHA DE LUZ, 2008).