Sementeira de Paz

Capítulo XLI

O êxito do Roberto



12/03/1947


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita paz e saúde.

Novamente no lar, rendamos graças ao Senhor da Vida pela tranquilidade que nos felicita. Luta e descanso, sociedade e ninho doméstico são como floresta e jardim. Nesse último, recolhemos as sementes necessárias ao processo educativo da selva densa. Sem o canteiro, é impossível grande lavoura. Daí o valor imenso dos dons sagrados do instituto familiar, onde a alma pode recolher as mais puras alegrias e as mais nobres aquisições para a vida eterna.

Regozijamo-nos sinceramente com . Permita Jesus possa ele aproveitar o tesouro das oportunidades presentes, em que tantas moedas de luz têm sido lançadas sobre nós pela Divina Providência.

Peço agora a vocês enviar-lhe sempre (o que, aliás, não precisaria solicitar, bem o reconheço), a par dos votos de coragem e desassombro, reconforto e confiança, conselhos e diretrizes, para que lhe não faleçam as energias ante as sugestões do meio maior. A cidade grande está repleta de benditas dádivas de luz, todavia, em seus processos evolutivos, as lutas habitualmente são mais intensas. Ajudemo-lo a refletir sempre mais, com aproveitamento substancioso das horas. A vigilância carinhosa dos avós é uma bênção. Louvemos ao Pai pelo auxílio espontâneo que temos encontrado. Tudo, felizmente, correu sem obstáculos referentemente aos nossos desejos. Roberto é uma planta delicada, não nos cansemos de repetir. Exige cuidado, vigilância e muito amor para que os seus problemas não se agravem. Acompanhemo-lo, confiantes no auxílio divino. Vê-lo preparado a enfrentar individualmente a vida, com os seus títulos de competência e liberdade, constituirá para nós todos alegria grande, indefinível. Agora é a preparação, a base, o fundamento renovador. Em suma, cooperemos para que a plumagem da ave se realize solidamente. Quando desferir o voo, em plena aquisição de seus poderes, abençoá-lo-á o Senhor para que a paisagem do mundo lhe seja benéfica.

Nesse sentido, associo meus votos sinceros e ardentes aos de vocês, cônscios como estamos de que a nossa posição ainda é de combate.

Tive ocasião, meu caro Rômulo, de seguir-lhe, quanto me foi possível, os trabalhos no Rio e alhures. Primeiro, as lutas por nossa realização e, em segundo lugar, a sua colaboração ao lado de nossos amigos ingleses. Essa gente valorosa e forte possui efetivamente muitas lições para dar-nos. Ainda mais agora, sabendo você que nenhum patrimônio substancial do espírito é obtido por milagre e sim através do esforço e da perseverança, a experiência deles, aos nossos olhos, deve ser mais valiosa. Coletivamente considerando, é indispensável ter voltado muitas vezes ao mesmo educandário para conhecer os ensinamentos com tamanha propriedade. Se os nossos companheiros do Brasil soubessem aproveitar-lhes o valor, grandes seriam os benefícios imediatos para o setor econômico a que você tem dado as melhores forças. Mas não olvidemos o trabalho evolutivo. Para que os discípulos entendessem tão perfeitamente os professores, precisariam ter aprendido quase tanto quanto eles. Aguardemos a obra do tempo, que nunca dispensou a paciência com esforço afetivo.

Relativamente à sua saúde, o nosso receitista amigo vai ministrar alguns esclarecimentos. Tratam-se de pequenas intoxicações pelo ácido úrico, exigindo cooperação interna e externa. Dentro de casa, com os hábitos de sempre, é possível solucionar a questão com mais eficiência. O corpo é como se fosse um lar dentro do lar. Separado dos alicerces domésticos, às vezes se perturba e se transforma. Tudo na vida tem a sua razão de ser.

Felicitamos a vocês pelo novo trabalho de André Luiz. É portador de valiosa contribuição no estudo dos desequilíbrios da alma. Ensina, com o Cristo, que é impossível sanar o corpo orgânico sem atender às causas na região do espírito. Pensamos que esse é um serviço de muito valor na cooperação aos sofredores de boa vontade, porque há igualmente enfermos de boa e má disposição perante a cura. Da sintonia do espírito ante as sugestões de harmonia ou desentendimento dependem as melhoras positivas da individualidade, tanto aí, junto de vocês, na Esfera física, quando aqui, conosco, na zona espiritual. Que Jesus conceda ao mensageiro as suas divinas bênçãos.

Convém que Wanda se resguarde, de fato, contra os golpes de ar frio. A atmosfera mudou muito. Desculpem-nos os cuidados. Para nós aqui os corações que amamos, ainda encarnados, são como flores reclamando-nos atenção e carinho. O jardineiro sabe de onde procede o vento favorável e conhece quando há benefícios reais a serem extraídos do frio ou do calor.

A todos vocês o meu abraço afetuoso de sempre, esperando que a paz divina – a felicitar-nos o espírito nestes minutos – se estenda a todos os nossos que permanecem distantes, alguns não só no Plano físico, mas também psiquicamente.

Jesus nos fortaleça e guarde o coração para prosseguirmos fiéis ao nosso ideal de união divina para sempre. Deixando-lhes o meu carinho, envolto em grandes saudades orvalhadas de esperança, abraça-os com muito afeto o papai muito amigo de sempre,




Nota da organizadora: em referindo-se ao livro No mundo maior, psicografado por Francisco Cândido Xavier, ditado por André Luiz, editado pela FEB em 1947.