27/08/1947
Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita paz aos corações.
Trazemos até vocês nosso pensamento de alegria nesta corrente. Convenhamos que a data tem sempre o seu sublime simbolismo. Jesus conceda a vocês muita luz e muita felicidade, agora e sempre.
Rômulo, suas vibrações de entusiasmo na leitura do livro de Sholem Asch contagiam também o meu espírito. Não pense que respiramos em esferas onde a história de Jesus, isto é, da passagem de Jesus pela Terra, seja assunto tão líquido como operação de Matemática. Temos numerosos círculos de estudiosos e recebemos esclarecimentos de companheiros mais sábios e de orientadores mais responsáveis quanto à matéria.
A existência em nosso Plano, para grande quantidade de criaturas, resume-se quase em atividades intensivas para o retorno à carne. A preparação para o regresso à sementeira terrestre absorve o tempo da maioria. Aí no mundo vivem os homens inquietos por se aproximarem da vida de cá, enquanto que em nosso meio a luta é enorme para que se desfaçam complicações, a fim de que o acesso à crosta seja facilitado. Realmente, há Círculos mais altos que poderíamos, muitos de nós, disputar, onde, certo, as recordações dos tempos apostólicos se fazem mais claras. Entretanto, nosso grupo estima o serviço mais próximo de vocês e nada há de anormal no interesse que manifestamos em torno das lembranças do Messias divino. Creia que todos esses estudos são belos e edificantes. Todos nós, os que vibramos com semelhantes reminiscências, inclusive o autor das páginas que comentamos, somos detentores de recordações fragmentárias, difusas, que as autoridades de Mais Alto aproveitam na concatenação de dados possíveis, aptos a melhorarem os conhecimentos do espírito geral sobre o assunto. Nesse setor, agimos também por percentagem de poder receptivo. Uns mais, outros menos. E quando o instrumento se faz mais altamente maleável, a iluminação espiritual do trabalho é mais positiva, mais intensa. Trata-se de alimentação para a mente. Todo o serviço respeitoso e construtivo, em torno do Cristo, recebe as benditas irradiações da Esfera dele. Seus emissários divinos não descansam. Fecundam o pólen da alma, difundindo nova luz destinada ao progresso de todos.
A propósito desse espírito de agrupamento na Esfera próxima a que me refiro, recordo as preces que vocês fizeram em companhia de Branca. Minha presença em casa do Albano, junto dos irmãos, não foi acidental. Tentávamos despertar no Atílio, que se vai avizinhando de nós, e nos filhos, recursos de renovação espiritual. A família aqui é também santa e sempre que a afinidade possa aliar-se com o trabalho de elevação estamos juntos para servir em comum, principalmente para soerguer corações amados, como aconteceu naquela noite. Deus nos abençoe o desejo de semear para o bem e para a felicidade de todos.
Permanece conosco, nas preces de hoje, um amigo espiritual que agradece a vocês a proteção fraternal dispensada à irmã Maria do Nascimento, desencarnada não longe do nosso abençoado lar. Não nos esquecemos – o mensageiro inclusive –, da súplica dessa mãe tão infeliz, quando lhes bateu à porta solicitando permissão para continuar em sua moradia. Vocês fizeram semelhante concessão além dos limites do que era possível e, por isso mesmo, nosso reconhecimento é mais efusivo. Enquanto a criatura age nas tabelas das obrigações comuns, os processos da vida são igualmente os comuns, mas quando vocês abrem a alma, enfrentando dificuldades pelo prazer de ser úteis, então há maior alegria em nossos círculos pelo esforço de compreensão que despendem. A pobrezinha permanece em profunda perturbação, como é natural, mas os que velam por seu futuro deixam nas rosas que nos enfeitam o santuário o perfume de sua gratidão. Os órfãos seguirão o caminho que o Alto determinar.
Peço a Jesus para que vocês tenham sempre oportunidade de plantar o bem. Nenhuma semente do coração é esquecida ou abandonada. E as sementes do bem partilham da Eternidade, são filhas do erário divino, constituindo os créditos dos herdeiros do Céu na vida imortal. Deixo-lhes também o meu agradecimento com a gratidão do amigo que interpreta a satisfação de vários dos seus companheiros.
Rômulo, felizmente a sua indisposição orgânica vai passando. O distúrbio havido procedia dos pratos. Não dos pratos, propriamente. Isso será desconsideração pelo trabalho de quem os preparou com respeito e atenção. Procedia do antagonismo entre as substâncias ingeridas e o estado orgânico que vinha um tanto combalido do hotel, fora de casa. Com calma e serenidade, tudo se vai reajustando.
Despedindo-me, peço ao Senhor os abençoe. Que as riquezas do Céu façam, como sempre, a maior felicidade de vocês, aí no mundo, são os votos do papai,
Nota da organizadora: Em referindo-se ao casamento de Rômulo e Maria, ocorrido num dia 27.
Nota da organizadora: Sholem Asch nasceu em Kutno, Polônia, em 1881, e faleceu em Londres, em 1957. Escritor das línguas hebraico e iídiche. Entre os livros escritos por ele, foi traduzido, no Brasil, o de título O Nazareno, em 1939. []
Nota da organizadora: Em referindo-se a Branca, sua sobrinha. Albano era seu esposo e Atílio, irmão de Albano. Residiam em Belo Horizonte.
Nota da organizadora: Sobre “um amigo espiritual” e Maria do Nascimento não nos foram dadas maiores informações.