Sementeira de Paz

Capítulo LVII

Não esquecemos a alegria sã



03/09/1947


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita saúde, paz e bem-estar.

Estive ontem em companhia de vocês, observando o Fausto e a sua viagem. Auxiliemo-lo com as nossas preces, para que os seus pensamentos sejam soerguidos. Realmente, a luta por ajudá-lo a libertar-se das pesadas influências que o rodeiam é titânica. E para agravar-lhe o problema a reação individual é mínima por parte dele. Venho fazendo o que posso, no entanto, anoto a complexidade do assunto que o nosso estimado doente complica sempre mais. Enfim, , em meio de semelhantes obstáculos. Com otimismo, ao lado da energia e da vigilância, qualquer situação difícil tende a melhorar.

O caso orgânico do nosso amigo General Aurélio decorre de certo abatimento geral quando o resfriamento lhe visita a saúde. De qualquer modo, assinalo para com vocês que o nosso amigo tem sido um herói. As energias dele, contudo, reclamam vigilância. Faremos, amorosamente, quanto seja necessário, mas desejamos que vocês ambos se sintam integrados no conhecimento do que vai ocorrendo. A benemérita irmã Amélia pediu em orações fervorosas que lhe fosse prolongada a permanência na Terra, enquanto o seu filho Alexandre se visse obrigado a peregrinar na prova purificadora. A vitória do General Aurélio como sustentáculo vigoroso da família vale por um dos títulos mais belos de sua missão espiritual. Tem sido o refúgio de todos os ramos de generosa árvore amazonense. Tem sabido lutar e vencer, e nunca se sentiu em indisponibilidade perante os compromissos divinos. Creiam, porém, de que a partida dos irmãos últimos que voltaram, Adelaide e Alexandre – filhos do seu coração fraternal, que por ambos se desvelou tempo enorme – lhe fez imensa diferença. Fazem-lhe falta as preocupações constantes de que se haviam eles constituído objeto. E a lacuna para o nosso devotado amigo é muito maior que vocês possam julgar. Sua resistência tem sido minada pela lembrança-saudade que lhe permanece oculta no ser. Registremos, assim, as ocorrências e cooperemos quanto estiver ao nosso alcance pelo seu fortalecimento. De nosso lado, não faltam providências e medidas a benefício de sua resistência e restauração.

Ouvi o que comentavam em matéria de trabalho espiritual no socorro aos doentes. O articulista é bom observador. Cremos, sinceramente, que na hora atual vocês não podem ser úteis, em sentido fundamental, numa sessão de efeitos físicos, tanto quanto os nossos companheiros desse setor não apresentam vantagens imediatas, no campo de efeitos especializados em que se encontram. No fundo, os objetivos espirituais são os mesmos, mas os ângulos do serviço são diferentes. Vocês não poderiam oferecer condições propícias aos trabalhos de materialização, no meio em que atuam, como os nossos irmãos não suportariam a carga de vibrações adversas que vocês são compelidos a aceitar no bom desdobramento da tarefa espiritualizante. O amparo aos obsedados requer clima especial e, sobretudo, de caráter quase público. E o obsedado é como o “iceberg”, que mostra somente pequena zona da montanha de gelo que o constitui. Vocês veem somente um homem perturbado. Nós, porém, enxergamos, quase sempre, atrás dele, extensa fileira de mentes desequilibradas.

As observações dos nossos amigos do Rio são, contudo, muito valiosas. Começam os cooperadores encarnados a compreender o valor da sintonia, da colaboração e da reciprocidade. Não há milagres em trabalhos espirituais, como não existem maravilhas nas ações do homem comum. Tudo se desenrola em plano de boa vontade e concurso conscientes. Sem essas bases, qualquer edificação séria é impraticável.

Peço a Deus conceda a vocês vastas oportunidades de enriquecer o conhecimento geral da luz divina para que iluminem a tarefa no bem cada vez mais.

Deixo-lhes um abraço muito afetuoso.

Com os meus votos a Jesus pela paz do lar e do coração de vocês, sou o papai que não os esquece,




Nota da organizadora: em referindo-se à minha bisavó Amélia, mãe de vovô Aurélio.


Nota da organizadora: Alexandre e Adelaide eram irmãos de vovô Aurélio.