Sementeira de Paz

Capítulo LXXVIII

Se ele orasse



31/03/1948


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita saúde e paz.

Em torno da fonte da prece, elevemos ao Senhor as nossas aspirações e sentimentos ao Alto, procurando unir-nos, em raciocínio e sentimento, aos mananciais “de Cima”.

Falaram de início do nosso amigo que se vai afastando, pouco a pouco, das lutas a que foi chamado. , talvez estivesse livre das teias que o enredam; se orasse, provavelmente dilatar-se-lhe-ia a visão e venceria os golpes das sombras que sobre ele assestam perturbadores recursos. Em verdade, a morte não é bem o fenômeno dos que passam para cá. Temos aqui tamanha manifestação de vida, tanto movimento a circundar-nos, que a transição perde o caráter lúgubre do princípio para ser alegria e vitória por restabelecer-nos o campo das forças individuais e descortinar-nos novos horizontes de trabalho.

Também eu lutei com vários males do corpo físico. Raramente perambulei nas obrigações de cada dia sem remédios preventivos ou curativos, entretanto, sempre acreditei que a mente deve pairar acima da enfermidade, criando movimento, edificação e luz através do serviço. Muitos amigos nossos ficaram para trás por esquecimento de oração e meditação. Este, porém, nos é mais particularmente caro e ante a inexequibilidade de qualquer providência tendente a restituí-lo à saúde espiritual, por enquanto, lutamos e, de algum modo, sofremos. Todavia, o enleiamento de suas possibilidades na esfera negativa é muito grande. Não saberia receber-nos o apelo. Muitas formas-mentais perigosas a que se entregou viriam sobre nós, destacando dentre todas o ciúme e a incompreensão. Sirva-nos, contudo, o ensinamento para que não nos esqueçamos do imperativo da oração e da vigilância. Não há situações que inibam a criatura de cultivar as verdades eternas do espírito. Em qualquer posição, o homem pode ser útil e criar ações nobres em derredor de si mesmo. Entretanto, a vontade é a energia que dá angelitude ao anjo e monstruosidade ao adversário da luz.

O desígnio divino está pronto a inclinar-se em nosso favor, mas é imprescindível saber se queremos o benefício. Um dos exercícios mais dolorosos a que somos conduzidos aqui é aquele do desapego aos que amamos na pauta dos valores humanos, quando se declaram contrários à verdade edificante da vida eterna. Imaginem, pois, que muito me custou ver o amigo a que nos referimos qual se encontra, infenso às realizações mais nobres do seu caminho, com sérios agravantes no domínio da responsabilidade pessoal. Mas não me animaria, na posição de vocês, a operar qualquer tentativa de reajustamento. Melhor aguardar o tempo e a experiência.

Alcançamos certas zonas de problemas comuns em que as palavras humanas apenas complicam ao invés de trazerem a boa solução. Tenho a impressão de vê-lo junto de numerosas criaturas em experiência de nado, em perigosa região do mar, entre o porto distante e ameaças de afogamento. Há gritos, frases ditas a esmo, julgamentos irrefletidos, apelos injustificáveis e desordenados, mas em face dos avisos prévios seria ruinoso interromper a marcha para serviços de salvação particularista. Resta-nos a possibilidade de vibrar em favor deles para que aprendam a nadar na direção do porto seguro. Como veem, não tenho outras palavras para comentar a questão. Ajudemo-lo com as nossas preces e que Jesus nos ajude a todos.

A hora é de grandes perturbações e sem fortaleza é impraticável a orientação sadia. Tenhamos um coração firme na fé, com a disposição viva de servir ao bem. Esse é o nosso maior programa que poderemos traçar na atualidade, no trabalho do Mestre, sob a inspiração dele, tantas as perturbações em que a esfera da crosta se envolve. Jesus nos guarde a todos.

Auxiliaremos ao Dalton no momento aflitivo que experimenta. Há medidas drásticas na medicina terrestre, perante as quais devemos reverenciar a Vontade Divina. Se pudéssemos despertar todos os nossos amigos para a realidade consoladora do bem, outra lhes seria a jornada. As surpresas do dia e da noite nunca seriam de molde a embriagar ou desesperar, contudo, cada qual possui a sua hora e não podemos ultrapassar as leis. Cada homem, cada mundo, cada vida, sobre todos reina o divino poder. Nem todos estimam o atalho pelo monte e muito poucos são os que descobrem o divino homem curvado a caminho da eterna ressurreição. Para todos os nossos companheiros de caminhada evolutiva e redentora, os nossos votos de paz.

Auxiliem-se contra os golpes de ar frio quanto lhes seja possível. A estação é de trânsito, carreando choques para as comunidades celulares que servem à mente na organização do corpo. A prevenção é colaboradora que jamais engana.

Boa noite, e que Jesus nos ampare agora e sempre. Deixando-lhes o meu pensamento de saudade e de amor, sou o papai reconhecido que nunca os esquece,




Nota da organizadora: Em referindo-se a Thomas Heath Dalton, inglês, colega e amigo de Rômulo na Universidade de Reading, na Inglaterra. Veio para o Brasil com Rômulo e trabalharam sempre juntos, em Ponta Grossa | PR, e em Pedro Leopoldo | MG.