Achei em folha esquecida Esta nota singular: Nunca reclames da vida O que não devas gastar. Acalma-te, serve e abranda A vida, a voz e o caminho; Quem pede como quem manda Costuma ficar sozinho. Vida incessante na festa, De ideia vagando à-toa, Não dá camisa que presta, Melado demais enjoa. Nos longos tratos da vida, Há muita espécie de furto. Exemplo: a fala comprida Arrasta serviço curto. Conselhos dou às dezenas Com juízo ou sem juízo, Mas noto que indico apenas Aquilo que mais preciso. Quem controla a própria boca Não cai nas tricas do mundo; Não há saco sobre a Terra Que se encha pelo fundo. Prender e tiranizar? Há nisso ilusões em bando… Ninguém pode encarcerar O dia que vai passando… Aviso do Grande Além Dos mais sábios que se dão: A fim de fazer o bem Não percas ocasião. Dizem que o sexo agora Tem liberdade inzoneira, Mas nos jornais toda hora É só balaço e peixeira. Quando Deus te der trabalho, Que a provação não te ofenda; A cana só faz açúcar Apertada na moenda. |
(Psicografia de Francisco C. Xavier)