Guardo-te, mãe, a voz suave e mansa: “Fala o nome de Deus, minha querida!” Repete: “Deus é a luz de nossa vida!…” Como choro ao rever-te na lembrança! Beijavas-me, depondo-me na rede… Depois corrias ao fogão de brasa. Sopa era o pão de sempre em nossa casa E eu te olhava a chorar com febre e sede. Mandaste-me ao estudo com mesada, Pedias mais serviço aos teus clientes E nunca vi teus braços doentes De tanto costurar na madrugada. Entrei no clima da cidade grande… Quanta humildade no que me escrevias, Narrando-me tristezas e agonias, Entretanto, a secura se me expande. Vieste ver-me e comentando a viagem, Reprovei-te o roupão de seriguilha… Eu vestida de seda — tua filha — Corrigia-te os erros de linguagem. Ficaste triste, andando a passo lento, E regressaste logo ao teu recanto. Notando que saías, vi-me em pranto, Alma ralada no arrependimento… Hoje, mãe, quero ouvir o teu perdão!… E por mais que te chame, chore e brade, Só vejo em mim a sombra da saudade Que me oprime e retalha o coração!… |