O avarento, na pilhéria, É um homem, se bem me explico, Que ama a vida na miséria Para morrer muito rico. Amargas lutas do homem, Contra a própria natureza, São aqueles que o consomem Nos domínios da avareza. O triste fim do avarento, Morrendo sem companheiros, É um quadro de sofrimento Na alegria dos herdeiros. O sovina é uma pessoa Que só ao ouro se agarra, Mas, um dia, morre à-toa Deixando o ouro na marra. Maricota do Rochedo, Procurando ser mais rica, Só comia bolo azedo Com quirera de canjica. Antonino era dotado Por terra, prata e fazenda, Mas tinha o coco apertado Qual a cana na moenda. Para aumentar a poupança Jejuava o Nicolau… Certa vez, caiu de fome, Morreu pedindo mingau. Triste vida, após a morte, É a do amigo Lico Franco, Estirou-se sobre um cofre, Lambendo notas de banco. Prazer de morrer de fome Na ambição que nos domina? Avareza é um mal sem nome À espera de medicina. A avareza, em seus extremos, Aponta à Luz do Porvir, Quando todos saberemos A conta de dividir. |