Dadivosa Mãe Terra, augusta e boa, quantas vezes busquei-te, ansioso e aflito, o regaço fecundo, sonhando realizar-me nos teus braços!
E quantas vezes me deixastes, terna, sugar-te os seios úberes e fortes, refazendo-me as forças esgotadas no turbilhão de mil vidas já vividas E na fúria selvagem de mil mortes!
Teu Sol, teu mel, teu chão, teus oceanos, tudo o que é teu me deste, mãe-amante!
Em ti fui pó, fui peixe, árvore em flores. .
Aprendi a chorar nos teus desertos E aprendi a gozar nos teus amores!
Águia, gigante, anão, de pé, de rastros, Conheço do teu céu todos os astros!
Por isso te amo – e me deslumbro Ante a grandeza esplêndida e sublime da vida que fervilha nos teus poros!
Ah, o teu cheiro de mato, o teu cheiro de carne, a força magnética e divina que flui dos teus abismos!
Terra!. .
Da última vez que morri deixei-te aflito, chorando os meus amores, com saudades de ti, dos teus encantos, e até das tuas dores!
Já não me vibra mais a mente em fogo, torturada de equações, números, datas, lembranças nebulosas, coisas rotas. .
Se algumas vezes pego-me fugido, varando em pensamento mundos outros, para além das galáxias do sonho, é que sei que de novo vou deixar-te, na grande compulsão renovadora que vai levar-me outra vez para outro ninho. .
Mas um dia regresso ao teu regaço, e nos teus almos braços maternais voltarei a sentir-te o doce abraço e viverei no teu seio uma vez mais!
Hernani T. Sant’Anna