Em porfias multifárias, na longa esteira do tempo, você desenvolveu a inteligência, ampliou percepções, aprimorou a cultura e enobreceu sentimentos.
Argúcia e força outorgaram-lhe fausto e dominação, em esplêndidas jornadas de triunfo, mas na voragem das eras você sorveu também o vinagre da amargura, as dores da derrota e o fel da solidão.
Descobriu os enganos do egoísmo, os tropeços do orgulho, as perfídias da rapina e as falácias da ilusão.
Marchando agora nos trilhos da fraternidade, ao encontro do amor, você guarda a mente esclarecida e o coração aberto, mas conserva no olhar cansado uma sombria vaga de tristeza.
Não quero vê-lo assim neste resto de noite, quando a antemanhã já prepara o sublime alvorecer da sua grande ventura.
Deixe que a linfa divina da esperança lhe orvalhe os sonhos, e que o meu amor, aberto em primaveras, perfume de felicidade e de alegria o palácio iluminado da sua alma.
Letícia