Filho, Vezes sem conta a Lua passeia no céu, e o Sol se ergue e se oculta nas fímbrias do horizonte, até que a minúscula semente se torne uma árvore frondosa.
Evos incontáveis se dobraram, no imenso bojo das eras, para que teu espírito pulsasse e nele eclodisse a luz da consciência.
São preciosos miríades de séculos para que nasça uma estrela, e milênios de milênios para que a glória crística coroe um Anjo nos Céus.
Somos ainda modestos filhos de Deus em crescimento, desenvolvendo os poderes da inteligência e da memória, e acrisolando sensações e sentimentos.
A experiência é nossa mestra na escola da vida, onde o progresso forja, nas oficinas do tempo, a nossa têmpera moral.
Não te inquietes, pois, se o fulgor das virtudes que anseias custa a revelar-se.
Agradece, reconhecido, os pálidos revérberos que já te clareiam os passos na estrada da existência, e segue para a frente, valoroso e confiante.
Tem paciência contigo, filho amado, como o nosso Pai Eterno tem paciência conosco.
Não te aflijas vão.
Deixa que o tempo e o trabalho, a dor e a luta, tanto quanto as confortantes alegrias do teu cotidiano, moldem e gravem na tua alma a excelsa grandeza com que sonhas.
Considera, meu filho, que na tua atual pequenez, e na tua pobreza de agora, tens a riqueza infinita do amor do Divino Pai, o carinho sublimal dos teus Numes Celestes e o beijo maternal que não te negarei.
Letícia