Irmãos: Muitos almejariam, como ideal da existência, conviver exclusivamente, se tal fosse possivel, com Espíritos afins, irmanados nas mesmas faixas de sentimentos e preferências.
Imaginam que isso lhes daria perfeito equilíbrio psicológico e permanente satisfação, sem entrechoques, animosidades e desavenças.
Os que assim pensam olvidam que a própria natureza multifária do Universo e da Vida constitui base fundamental para o progresso evolucionário de todos os seres, em todos os quadrantes, na conformidade da divina lei do amor.
A fraternidade é imperativo inarredável da lei de cooperação, pela qual os mais velhos devem instruir os mais novos, os mais fortes devem conduzir os mais fracos, e os mais sábios devem amparar os mais inscientes.
Ademais disso, raríssimos de nós, jornadeiros deste planeta de provas e expiações, trazemos em nossa bagagem consciencial apenas sementeiras e florações de afetos. Quase todos guardamos n’alma, como débitos ainda não solvidos, graves e dolorosas responsabilidades por lesões provocadas em interesses e sentimentos alheios.
Necessário, pois, que ombreemos, em nossas peregrinações pela Crosta, com afetos e desafetos, na colheita obrigatória de nossas próprias semeaduras, de forma a entesourarmos os bens reais da vida, colaborando, por nossa vez, com a felicidade geral.
Jesus, o nosso Divino Mestre, que é sempre, para nós, o grande modelo a ser considerado, não hesitou em conviver amorosamente com os Espíritos sublimados que o amavam, senão também com discípulos ingratos e infiéis, e com adversários gratuitos e virulentos, que não se cansavam de persegui-lo e oprobriá-lo, até levá-lo às supremas humilhações da prisão e do Calvário.
Tolerou, com inalterável dignidade, escribas e fariseus hipócritas; desculpou conterrâneos invejosos e revéis; perdoou algozes infelizes e aceitou ser levantado numa cruz ignominiosa, entre dois ladrões.
Não seríamos nós outros merecedores de melhor situação, presumindo-nos dignos de conviver, desde agora, com os Anjos do Céu.
Agradeçamos, portanto, ao Eterno Pai, pela bênção das companhias que temos, especialmente pela dos Benfeitores que nos atendem e nos honram; e nos esforcemos por seguir até o fim em nosso caminho, entesourando as riquezas da compreensão e do amor.
Áureo