Amar e Servir

CAPÍTULO 54

NO ALÉM



Nos atros reinos trevosos da subcrosta do mundo, em antros de dor sem fundo de imensos feudos cruéis, gemiam blasfemos seres, em desespero sem bordas, tangidos por ímpias hordas de celerados revéis.

Desde evos sem memória o tempo já não contava.

Já rota jazia a aljava das setas do padecer.

Nos estertores da infâmia, entre doestos trocados, zurziam-se os condenados, nas vasas do malquerer.

Por contumaz vitupério contra apelos do Infinito, eram no império maldito grilhetas em multidões.

Infaustos monstros informes, perseguidos por si mesmos, vagando nos próprios ermos das internas convulsões.

Eis, porém, que de repente o lamaçal ferve e troa, qual mundo que se esboroa nas vascas de um furacão.

Chamas terríveis fogueiam, incendiando os espaços: É Jesus abrindo os braços aos filhos da perdição.

Almas penadas se erguem, demônios rojam-se em pranto.

Tredo inferno, em novo encanto, segue os Arautos da Cruz.

Eleva-se a caravana aos cimos de nova estrada, na rota viva e estrelada do Cristo-Rei, Cristo-Luz!


Castro Alves