Amar e Servir

CAPÍTULO 78

DISFARCES



Os terrícolas humanos sempre usaram capas, como proteção, fantasia ou disfarce.

Semelhante hábito jamais se restringiu, porém, ao indumento material, porque sempre existiram as capas psicológicas, na apresentação das aparências, através de olhares, gestos, atitudes e palavras, no viso de disfarçar as realidades íntimas de cada qual, mascarando-as à visão e ao entendimento dos outros.

Não formulamos, com isso, qualquer condenação, pois sabemos que as necessidades e as convenções humanas merecem consideração e respeito.

Existem, no entanto, situações e circunstâncias em que o mascaramento da verdade não somente desajuda, como compromete. É o caso do enfermo que procura ludibriar o médico, ou do crente que formula aos Céus orações eivadas de mentiras.

Relatam os Evangelhos que o cego de Jericó, percebendo a passagem do Divino Mestre, sentiu que somente chegaria até Ele se corresse. Verificando que sua capa lhe dificultava os passos, livrou-se dela e correu até Jesus, que o curou.

A lição nos aproveita, porque as capas com que velamos aos olhos dos nossos semelhantes a nudez, por vezes dolorosa, das nossas realidades, costumam inibir-nos o Espírito, dificultando os movimentos de nossa alma nos rumos da Espiritualidade Superior.

Quando, pois, sentirmos necessidade de implorar a proteção celeste, no vale tormentoso das nossas aflições, apresentemo-nos diante do Senhor com as nossas mazelas, na completa nudez da nossa realidade, sem disfarces inúteis, mesmo porque, seria rematada insensatez pretendermos a ajuda divina, tentando enganar a Deus.


Elvar