No crepúsculo que antecedeu a noite em que Jesus foi preso, tudo parecia normalmente tranquilo para as multidões terrenas. Nenhum sinal aparente de mudanças no Céu ou na Terra. A paz parecia reinar soberana em toda parte.
É verdade que havia torvo frenesi nos redutos onde Espíritos entenebrecidos forjavam sombrias maquinações. E é certo também que, em cículos trevosos da espiritualidade inferior, era intensa a algazarra das expectativas mais vis.
Os Espíritos encarnados, porém, nada percebiam, anestesiados em profunda insciência.
O mestre, na sua clarividência, ao aproximar-se a grande hora do seu supremo testemunho, no sacrifício do Gólgota, afastou-se, em companhia dos discípulos mais chegados, e foi para o Monte das Oliveiras, orar ao Pai, no silêncio do horto.
Preocupado com os seus amigos, convidou-os seguidas vezes a vigiar e orar, para que superassem as tentações que se avizinhavam. Eles, contudo, não conseguiram manter-se acordados, nem escudar-se na prece. Não entenderam a gravidade excepcional daquele momento augusto e terrível, penoso e santo, e deixaram-se dormir, até que o Senhor os acordasse definitivamente, quando a caravana dos algozes já estava por chegar.
O mesmo acontece novamente agora. Tudo parece normal e sereno sobre a face da Terra, e as multidões desprevenidas cantam e dançam, comem e dormem, como se nada demais estivesse por ocorrer.
No entanto, o tempo da ceifa já chegou, e as tempestades previstas já estão a caminho, para desabar de improviso.
Vós, meus amigos, estais, todavia, advertidos da magna importância desta hora nos destinos planetários, e sois convidados insistentemente a orar e vigiar.
Atendei a essas admoestações e a esses apelos que vos chegam do Alto, para não serdes surpreendidos, mesmo porque é convosco, e com os demais servos de Jesus, espalhados pela crosta do mundo, que o Pai Celestial conta, para pensar as chagas do planeta e auxiliar os caídos.
Ficai na paz do Senhor, e continuais a postos em vossos misteres.
Bittencourt Sampaio