Amar e Servir

CAPÍTULO 83

COLHEITA MULTIPLICADA



Caríssimos 1rmãos: Recebi emocionado a permissão dos nossos abnegados mentores para dirigir-vos esta mensagem de fraternidade e apreço.

Sabeis que, tal como vos ocorre, também tive, a meu tempo, a santa oportunidade de envergar, como encarnado, a túnica dos servidores desta Casa, inscrevendo-me na Falange de Ismael.

Na medida das minhas possibilidades, busquei realizar, o melhor que pude, as tarefas de que me incumbi, guardando no espírito a convicção de haver cumprido, tanto quanto me foi dado, o meu dever.

Regressando, porém, à Pátria Espiritual, pude sentir quão raros são aqueles que merecem a condição de servo completistas, isto é, cooperadores que tiveram a felicidade de aproveitar integralmente todas as oportunidades de trabalho construtivo que a Providência Divina lhes concedeu.

Em verdade, na nossa condição evolutiva, descemos à carne carregando conosco pesada carga de atavismos inferiores, a dificultar-nos a jornada terrena, com a obrigação de transformá-la em fatores de elevação para a eternidade, enquanto realizamos os serviços de auto-renovação espiritual e o exercício da caridade fraternal para com todos os companheiros do caminho.

Defrontados com as necessidades de transformar em amigos velhos desafetos do passado, e de corrigir, no legítimo amor cristão, antigas viciações do sentimento, nem sempre conseguimos superar, com a indispensável eficiência, os obstáculos que nos surgem de dentro de nossa própria alma.

Acicatados por problemas de difícil condução, nas esferas do lar e da profissão, nos círculos sociais e no âmbito das questões materiais, quase nunca dispomos do discernimento e da coragem precisos para tudo solucionar, sem prejuízo das nossas obrigações íntimas para conosco mesmos e para com o trabalho evangélico com que nos comprometemos.

Ansiando pelas bênçãos da paz, não encontramos facilidade para entendê-la no sentido superior das lições de Jesus, condescendendo com frequência com os nossos instintos de falsa autoproteção, geralmente admitidos pelo mundo como naturais e corretos.

Somente tarde demais, em nosso regresso ao Plano da Verdade, conseguimos perceber quanto deixamos de construir, ou quão imperfeitos permitimos se tornassem os nossos modestos esforços, com preciosos ensejos desperdiçados no tempo.

Apesar disso, espantamos-nos com a multiplicação maravilhosa dos frutos que colhemos por minúsculas realizações que logramos concluir. É como se pequenos gestos de sacrifício e de amor, de dedicação e de humildade, se transformassem miraculosamente em flores de luz ou pomo magníficos, a nos felicitarem o coração, enchendo-nos de alegrias inesperadas, quando nem nos lembrávamos de tais pequenezas, a que não déramos importância.

É que tudo o que fazemos no mundo, de bom ou de mau, se transmuda aqui, como se se agigantasse, a termo de colheita multiplicada e vívida.

Aproveitai, portanto, caros companheiros, o mais e o melhor que puderdes, os ensejos sacrossantos que a Suprema Bondade vos faculta, e atapetai de claridades os vossos caminhos futuros, é o que vos deseja.


Carlos Lomba