Uma das grandes fragilidades do mal é a sua incontinência, o seu desenfreio, a sua falta de autocontenção, o seu ímpeto alucinado de expandir-se ilimitadamente.
Assume, desse modo, feição de tal forma ameaçadora, que instila o pavor aos seus próprios sequazes, a ponto de conduzir muitos deles à defensiva.
Ante a avalancha dos seus horrores, as sociedades terrestres sentem-se, por vezes, mortalmente ameaçadas, e ensaiam tardia e desesperada resistência, no interesse da paz e da vida.
Comumente, porém, é escasso o êxito dessa contraposição, porque tais coletividades buscam limitar e vencer os perigos que temem, antepondo o mal ao mal, o crime ao crime, a violência à violência.
Assim, nada conseguem senão dilargar e aprofundar o império da iniquidade, porque somente o bem dissolve o mal, só o amor vence o ódio, só a virtude anula o vício, só a caridade garante a fraternidade construtiva e feliz.
Dois milênios se dobaram sobre os ensinos e as exemplificações de Jesus, e a Humanidade ainda não se apercebeu suficientemente de tão elementares verdades. Mas o cansaço da maldade e o preço esmagador do crime, com todo o seu cortejo negrejante de desgraças, acabará por forçar os teimosos terrícolas a abandonarem o seu egoísmo dissolvente, para finalmente edificarem, neste vale de lágrimas, o reino divino da felicidade e da paz.
Áureo