Alma querida, não temas. Que a fé não se te degrade Ao romper da tempestade, Qual maremoto a rugir; Muita vez, o sofrimento É o campo alto e fecundo, Que impele as forças do mundo À elevação no porvir. Nas mínimas formações Que alteram a natureza, A dor é uma luz acesa No apoio da evolução. Olha a semente no solo, Depois de enterrada viva, Mais a luta se lhe ativa Na própria germinação. O mármore vigoroso Nunca desvenda a obra-prima, Que lhe atrai a humana estima Sem o buril do escultor… Fugindo à inércia do charco, A fonte que desabrocha Vence areia, pedra e rocha E cria glebas em flor. Reflete: o minério bruto, Arrancado ao ninho morno, Tomba aos martírios do forno Para de novo se erguer; É peça nas oficinas No ar, na terra, nos mares, Nas máquinas que anotares Do progresso a resplender. Se o mal, por vezes, parece Dragão de sombras à vista, Na guerra que te contrista, Pensa na dor por mais luz… Sobre os domínios do mundo, Nas lutas de todo Plano, Em qualquer conflito humano, O vencedor é Jesus. |