Era um jurista dos cimos, Lutando contra ladrões, E morreu, legando aos primos Quinhentos e dez milhões. O homem tinha a sala escrava De livros, do piso ao teto, Depois, viu, no Além, que estava No princípio do alfabeto. Assinara noutra data Leis cruéis, decretos vãos… Mas na vida imediata O pobre nasceu sem mãos. Dizia beber um pouco Por remédio e benefício… Terminou, violento e louco, Nas grades de velho hospício. “Nada tenho para dar” Gemia a velha em tipoias, No entanto, ao desencarnar, Saiu dum colchão de joias. |