Vereda de Luz

Capítulo X

Anseio



Admiro, Senhor,

As cataratas imponentes

Acionando turbinas,

De cuja força e majestade

O progresso desponta;

Se permites, porém,

Que algo te rogue a mais no que me concedeste,

Dê-me a simplicidade

Que puseste na fonte.


Admiro, Senhor,

O tronco alto e robusto

Que domina a montanha

E enfrenta sem receio

A tempestade, face a face;

Mas, se posso escolher,

Viveria feliz, anônima no vale,

Na condição da erva que se inclina

Para que o vento passe.


Admiro, Senhor,

A seara no campo,

Em plena afirmação de vitória e fartura,

Recordando um céu verde

Que em pepitas douradas se constela;

No entanto, se consentes

Que me externe, mostrando o meu desejo,

Quisera ter o encargo pequenino

Da semente singela.


Admiro, Senhor,

Todas as maravilhas que criaste,

O firmamento, os sóis, os continentes,

As rochas entre as quais talhaste a Terra

Sobre imenso maciço;

Dá-me, porém, a graça da humildade,

Que eu venha a ser, no mar de Tua Glória,

Uma gota sem nome,

Ocupada em serviço.