Admiro, Senhor, As cataratas imponentes Acionando turbinas, De cuja força e majestade O progresso desponta; Se permites, porém, Que algo te rogue a mais no que me concedeste, Dê-me a simplicidade Que puseste na fonte. Admiro, Senhor, O tronco alto e robusto Que domina a montanha E enfrenta sem receio A tempestade, face a face; Mas, se posso escolher, Viveria feliz, anônima no vale, Na condição da erva que se inclina Para que o vento passe. Admiro, Senhor, A seara no campo, Em plena afirmação de vitória e fartura, Recordando um céu verde Que em pepitas douradas se constela; No entanto, se consentes Que me externe, mostrando o meu desejo, Quisera ter o encargo pequenino Da semente singela. Admiro, Senhor, Todas as maravilhas que criaste, O firmamento, os sóis, os continentes, As rochas entre as quais talhaste a Terra Sobre imenso maciço; Dá-me, porém, a graça da humildade, Que eu venha a ser, no mar de Tua Glória, Uma gota sem nome, Ocupada em serviço. |