Vereda de Luz

Capítulo VII

Trabalho e tempo




Até ontem, é possível:

que pesadas cargas de sofrimento nos tenham sitiado o curso das horas;

que tenhamos caído em faltas lastimáveis, das quais dificilmente nos levantamos, como quem se demora a ingerir curativa poção amarga;

que lágrimas nos hajam lavado o rosto, muitas e muitas vezes;

que provas graves nos tenham experimentado a confiança e o discernimento;

que desilusões nos hajam espancado o entusiasmo e a esperança;

que obstáculos e golpes nos tenham visitado o espírito em luta;

que afeições modificadas nos hajam imposto doloroso adeus ao coração;

que as trevas tenham mostrado o propósito de esfriar nos o ideal, convulsionando-nos a área de serviço;

que perturbações e conflitos nos hajam testado a fidelidade e a segurança no esforço de construção da Vida Superior;

que solidão e abandono, várias vezes, nos tenham deixado em cinza e sombra;

que adversários intransigentes nos hajam abatido a coragem de esperar e o prazer de servir…


Entretanto, na essência, não vale o mal que passou. Importa, acima de tudo, que estejamos no cumprimento de nossas obrigações, sem esmorecer, doando o melhor de nós mesmos ao trabalho que a Divina Providência nos deu a realizar, na Seara do Bem, porque de todas as concessões de Deus, nos instrumentos da vida, é imperioso reconhecer que todas elas se refazem ou se reajustam, menos a dádiva do tempo que, depois de perdida, não volta mais.