Querida mãezinha Therezinha e querido papai Raimundo, recebam a minha alegria na própria bênção que lhes peço em meu favor.
Emocionante disposição da mamãe, recordando o natalício de um filho que já se desligou da experiência física, conquanto permaneça de matrícula trancada em casa, sempre na expectativa de retomar o curso de amor, não interrompido de todo.
Uma festa! E fiquei engasgado, incapaz de exprimir a gratidão que me vai por dentro… Mamãe, você é um gênio de carinho, renovando a gente até mesmo em outro mundo! Não bastaram aquelas flores e aquelas preces da semana passada, quando você e papai Raimundo celebraram o dia que ficou sendo o meu no calendário! Estava superagradecido por tantas demonstrações de ternura e agora noto que a emoção me toma todas as energias e me vejo um tanto idiota, desconhecendo como engrenar as palavras de agradecimento. Peço aos irmãos queridos para que me interpretem… Raimundinho e Patrícia, Carmem e Luiz Antônio e igualmente o Carlos Ronaldo com a nossa estimada Tânia Regina, façam isso por mim.
A verdade é que a vovó Maria Eugênia e o avô Luiz Pedro que nos acompanharam na tarde de hoje fizeram-me sentir que requisitei muitos diálogos dos Amigos Espirituais para compreender a minha própria situação aqui e aceitá-la, e anotando os nossos contatos com a família maior, constituída por tanta gente amiga e fraternal que nos fez a caridade de receber as nossas lembranças por diálogos promovidos pelos Mentores da Vida Maior, nos quais os companheiros do Plano Físico são convidados a ouvir aqueles outros que se marcam em problemas e dificuldades muito mais constrangedores do que os nossos. E assumindo posição, qual se estivesse ainda portando uma vestimenta corpórea da Terra, fiquei imaginando a presença de meus próprios pais e de meus avós sempre queridos naquelas criaturas irmãs, muitas delas alquebradas por tribulações que não contam e fitei os jovens e as crianças tristes de quem nos abeiramos, neles reconhecendo a presença de meus próprios irmãos inesquecíveis…
Toda aquela movimentação, de modo algum me pareceu uma festa de beneficência, mas a conversação da vida com a própria vida. E deduzi quanto se aprende ouvindo os outros com respeitosa atenção.
Se aquele ambiente ao ar livre fosse o de nossa casa e se aquele pedaço de céu azul fosse o nosso próprio teto humano, acabaríamos reconhecendo que somos uma família só, com a obrigação de estender mãos amigas e socorredoras, de uns para com os outros.
Quem estaria ali fazendo doações e, efetivamente, quem as recebia? Troquei os papéis e verifiquei que os nossos irmãos e amigos, acolhidos naquela paisagem verde e generosa, eram nossos reais benfeitores.
Guardávamos a ideia de doar algo que se lhes erguesse em utilidade para hoje e amanhã e eles nos cediam exemplos mudos de coragem e fé em Deus para o resto de nossos dias, na Terra e no mais Além.
A devoção com que fomos recebidos ensinava-nos gentileza e aquela espontaneidade da alegria com os pequenos recursos que conseguíamos distribuir, comunicava-nos a lição do pouco que se transforma em muito, enriquecendo-nos o Espírito de pensamentos novos acerca de proveito e sobriedade, aceitação e reconhecimento.
Mãe Therezinha, muito obrigado! Voltei outro. Se me via rico ante a bondade dos pais que me resguardaram no mundo, mais abastado de felicidade reconheço-me agora — agora em que, pelo favor da Divina Providência revelam-me quão extensa se nos faz a equipe doméstica. Amanhã, trabalharei com mais decisão, tentando honrar o que recolhi hoje na concha indefinível de minha própria alma.
O diálogo que o Plano Superior nos proporcionou foi uma bênção de singular importância para nós.
Tive a impressão de que Deus poderia ter municiado os nossos supostos beneficiários com todas as possibilidades em que se vissem todos na condição de milionários das Bênçãos Divinas, mas permitiu que eles nos surgissem na feição de amigos necessitados, a fim de que possamos assimilar a certeza de que todos somos irmãos e que o intercâmbio do amor é o único processo de estender a paz e o entendimento sobre a Terra.
Peço me perdoem semelhantes digressões, mas não as emito de mim próprio e, sim, obedecendo as instruções dos Mentores e familiares amadurecidos na Causa do Bem, que nos impelem à aquisição de valores espirituais de extrema validade em qualquer instante da vida.
Mãezinha Therezinha, volto a lhe expressar o meu reconhecimento, agora extensivo aos irmãos que nos compartilham deste encontro feliz.
Peço seja dito ao Carlos Ronaldo que ele se acha presente conosco e que espero não se impaciente diante das dificuldades em que se vê a nossa prezada Tânia Regina para admitir as realidades espirituais. Isso é mais do que natural, por ser uma atitude humana. Importa que a criatura se ornamente com as disponibilidades da vida interior, em matéria de elevação e isso a irmã e cunhada possui de sobra. A crença tal qual aceitamos fica para depois. Aliás, abstive-me de qualquer referência ao nosso querido Dudu, até agora, para não parecer alguém buscando atenções que não lhe pertencem, mas, se me reporto ao irmão, desejo explicar que ele e a familhinha estão em nosso carinho invariável. Agradeço ao amigo Orlando, entusiasta de nossos contatos espirituais, e expresso a minha gratidão a todos os companheiros que estiveram conosco em nosso regozijo. Deus seja louvado pelos amigos que nos enriquecem de paz e bom-ânimo!
A nossa Carmem Radige e ao Luiz Antônio, com todos os nossos corações queridos, os agradecimentos que me nascem do íntimo. Desculpem se não levanto mapas afetivos para a colocação de todos os nossos.
Não devo alongar-me de tal modo que me assemelhe aos parentes da coruja. Basta a necessidade de tantas referências aos meus próprios sentimentos.
Por isso, mamãe, pedindo a Deus conservá-la contente e feliz tanto quanto o papai Raimundo e os queridos irmãos, transfiro para o seu coração generoso e querido todas as flores e todos os sorrisos de Paz e Alegria que surpreendi hoje em tantos rostos simpáticos a nos estenderem felicidade, que se nos fará um conjunto de aulas edificantes para a vida, ao mesmo que lhe rogo receber com o papai o coração emocionado e feliz de seu filho, sempre reconhecido,
30.05.1981.