Viajaram Mais Cedo

Capítulo XIII

Tibério Graco Dias



Tibério nasceu em São Paulo — SP a 19 de setembro de 1965. Iniciou seus estudos na capital paulista e aos 14 anos mudou-se com a família para Belo Horizonte, onde continuou os estudos no Colégio Pitágoras.

Alguns meses após a mudança para Belo Horizonte, faleceu em acidente de trânsito, juntamente com o , conforme relatamos anteriormente. Ao partir para o Plano Espiritual, no dia 8 de março de 1980, Tibério ainda não completara 15 anos.

Filho de Manoel Dias e Evelyn Hage Dias, complementam-lhe a família os irmãos Caio Graco e Cláudia.


DEPOIMENTO


Meu marido já era espírita desde 1952, embora eu fosse católica.

Com a perda do Tibério, entrei em profunda depressão, vivendo à custa de calmantes e mais calmantes. Meu marido começou a levar-me a uma reunião espírita em Belo Horizonte onde tomei contato com o Espiritismo.

Animei-me a procurar Chico Xavier em Uberaba. Lá chegando, conseguimos um contato direto com o Chico, que nos disse alguma coisa a respeito do Tibério. Na terceira viagem a Uberaba, recebemos a primeira mensagem de nosso filho, à qual se sucederam mais quatro.

Recobrei o equilíbrio, através das mensagens recebidas por Francisco Cândido Xavier e, mesmo morando distante, agora em Salvador — BA, não o deixo de visitar, pelo menos duas vezes ao ano.

As mensagens do Tibério nos trouxeram grande conforto, pois, para nós, mostraram que a vida continua após a morte.



MENSAGEM


Querida mamãe Evelyn ou querida mamãe Ever, estamos aqui um à frente do outro, sem que a nossa visão recíproca se faça completa.

Eu a vejo e sinto que os seus olhos queridos não me enxergam. Toco-lhe os ombros com os meus braços, no entanto, reconheço que lhe falta o instrumento de precisão para marcar-me a presença.

Parece um sonho estar aqui ao seu lado e ao lado de nossa amiga e irmã Dona Consuelo, a fim de anunciar-lhe que o nosso Mauro e eu prosseguimos viagem, ao passo que os companheiros ficaram.

Tudo foi rápido com as tintas de uma realidade que não me foi possível reter na imaginação. Senti que a minha cabeça esbarrara num corpo estranho semelhante a uma pedra que me apagou as ideias, quase que de uma só vez.

Preocupei-me por todos os amigos que me alegravam a excursão de rua, mas longe estava de acreditar que seria o Mauro aquele com quem me reencontraria, vasculhando os pontos de trabalho que nos aguardavam aqui.

Cada um de nós tratou de aceitar a verdade, conquanto chorássemos à feição de crianças perdidas no rumo para casa, portanto, dizer o contrário, esnobando resistência, seria mentir.

Nossos avós nos auxiliaram — a mim, o vovô Francisco e a ele a bisavó Cacique. Quem diz avós, pensa em gente de asilo doméstico, mas é um engano. Nossos avós são criaturas que a mudança espiritual remoça prodigiosamente, conquanto resguardando-lhes a maturidade íntima, oferecendo-nos uma colaboração madura e prudente que nós outros, muitos dos chamados jovens, ainda estamos longe de possuir.

Mãezinha Evelyn, peço seja dito aos nossos, e especialmente ao papai Manoel, que sobrevivemos e estamos bem, com a certeza de que surgiremos melhores, com a edificação espiritual em casa.

A Claudinha e o Caio estão pedindo o nosso carinho e não quero furtar-lhes o lugar que merecem junto dos nossos. Os queridos irmãos precisam crescer na certeza de que são profundamente amados por nós todos.

Mãe querida, é impossível expressar quanto desejo; se pudesse faria o “striptease” da morte para arrancar-lhe os véus de dor e medo com que a vestem no mundo.

O carro nos surpreendeu com a reviravolta havida e o choque foi para mim de impacto, para que dormisse de maneira apressada. E dormi profundamente.

Quando despertei, tudo me pareceu natural, como se estivéssemos numa Casa de Saúde para a reabilitação de nosso visual. O Mauro, ao meu lado, supunha o mesmo.

A revelação de que o engano estava de nosso lado nos doeu bastante, a princípio, mas pouco a pouco entendemos que era preciso acalmar-nos e tudo passou a condições diferentes.

Peço-lhe, tanto quanto rogo ao coração sensível de Dona Consuelo, não chorarem tanto e pedimos, o Mauro e eu, ao papai Manoel e ao Sr. Wander para que não se aflijam. Espero voltar breve para acentuar as minhas expressões com a alegria sempre assim tão nossa.

Estou aguardando o próprio reajuste emocional, a fim de continuar em meus estudos. A tia Farid e a vovó Hage estão agindo, comandando as nossas impressões, para que a tristeza não se lembre de nós.

Querida mãezinha, receba, pois, com a nossa estimada Dona Consuelo, o nosso abraço e muito afeto aos que ficaram em casa.

E para você especialmente um beijão do seu filhote


28.11.1981.



, co-autor espiritual deste livro e a sua mãezinha, D. Consuelo.

Francisco Dias, avô terno, falecido em 1952. — Bisavó Cacique — é a bisavó Rosinha, citada pelo Mauro.

Tibério faz carinhosa referência aos seus genitores e aos pais do Mauro. O leitor observará esses dois jovens sempre interligados nas mensagens, já que partiram do Plano Físico no mesmo acidente, em Belo Horizonte.

Tia Farid, grande amiga da família Hage, era realmente tratada por tia. A vovó Hage, Tereza Hage, desencarnou em 1970.