(Versos dedicados à irmã que conheci, rainha generosa e tirânica, há quatro séculos, que ontem reencontrei num catre de enfermidade e penúria, reencarnada em abençoada existência de redenção.)
Lembro-te, nobre amiga, a voz de soberana, Poderosa mulher quando ordenas e falas, Da púrpura do trono ao carmezim das salas, És rainha e senhora, amada e desumana. Que estranha sedução nos perfumes que exalas!… Quantos lares destróis, quanto afeto se engana!… De paixão em paixão, gastas a vida insana E morres, humilhando os homens que avassalas… Quanto tempo se foi!… Mas reencontrei-te, agora, Mãe reencarnada e triste, alma que sonha e chora, Entre penúria e pó, chagas, sombras, ruínas… Mas agradece a dor do cárcere de penas, Nele retomarás teu carro de açucenas Para reinar com Deus, nas vastidões divinas. |