(Versos a um companheiro que, há dois séculos abusou dos valores físicos, utilizando o sexo unicamente para criar o infortúnio alheio, e que reencontramos agora na prisão sem grades de um cérebro doente, em provação redentora.)
Vejo-te, nobre amigo, a despontar da bruma. Castelão sedutor, de conquista a conquista, Não achas coração de mulher que resista… Segues… E no teu passo a treva se avoluma… Noivas, esposas, mães… Das vítimas, em suma, Onde falas de amor, aumenta-se-te a lista… Mas chega a morte e vais por estrada imprevista, Em que a sombra te espera e a dor te desapruma. Quis ver-te reencarnado e encontrei-te, inda há pouco… Vagueias, mundo afora, abandonado e louco, Espolinhas-te em lama e choras no monturo!… Mas, agradece a Lei que te segrega em prova; Na cela de aflição que te apura e renova, Descobrirás, de novo, as fontes do amor puro. |