Inda vejo, Senhor, de alma oprimida, A Trácia devastada, a ânsia de Atenas, Constantinopla em lágrimas e penas E Roma flagelada e envilecida… Vejo a conquistadora e horrenda lida, O gozo, o saque e a morte, em velhas cenas, E o fausto senhoril que trouxe apenas Desilusão e horror à nossa vida. E ouço-Te a voz, Jesus, dizendo — Basta! De um rei fizeste um verme que se arrasta E abriste-me o caminho da aflição!… Anos correram como sombras vagas, Mas, depois de vestir-me em lepra e chagas, Achei-Te, Excelso, no meu coração! IIHoje, Senhor, não peço o vão tributo Das multidões famélicas, vencidas, Que humilhei, no transcurso de outras vidas, Semeando miséria, pranto e luto… Das rosas que me deste por feridas Recolhi muita graça e muito fruto. Passageiras vitórias não disputo, Nem procuro vanglórias esquecidas. Perdoa-me, Senhor, se agora venho, Recordando-Te as úlceras no Lenho, Rogar-Te algo das bênçãos que entesouras! E que eu possa, feliz com o dom divino, Socorrer os irmãos do meu destino No turbilhão das chagas redentoras! |