(Versos à soberana feudal que conheci há seis séculos, em pleno fastígio do poder humano mal aplicado, e que reencontrei agora, na provação da cegueira física, procurando nos estudos reencarnacionistas a chave de solução aos problemas que lhe afligem a redentora existência).
Reconheço-te, irmã… Retornas de outras eras… Soberana feudal, o busto nobre empinas… A teu mando cruel, as hordas assassinas Espalham fogo e lama… E, sorridente, esperas. Guardas em pranto e sombra o povo que dominas… Encantas e destróis… Amas e vituperas… Um dia, a morte chega e, erguendo as mãos austeras, Deita-te o corpo inerte ao pé das casuarinas… Depois de tanto tempo, achei-te reencarnada, És hoje triste cega aos arrancos na estrada, Somando as provações, no intuito de entendê-las… Mas louva, nobre dama, a treva que te espia, Pela dor da cegueira, alcançarás, um dia, O teu reino de amor, resplendendo de estrelas. |