Quem te definiu por benfeitor daqueles a quem desataste as cadeias de sofrimento, quando estendias a mão para auxiliar?
Não olvides que ajudavas também a ti mesmo, construindo os caminhos da própria libertação.
Esses corações enregelados no frio do desencanto, que trazes de novo ao sol da vida, brilharão amanhã por luzeiros de consolo para teus olhos, quando a sombra te nevoar a visão e essas almas atormentadas, que arrebatas ao incêndio de transes arrasadores, para mitigar-lhes a sede na taça de teu carinho, ser-te-ão, de futuro, quais fontes de água fresca, quando as provas do mundo te descerrarem aos pés o trilho de sarça ardente.
Essas crianças famintas que conchegas de encontro ao peito, surgirão, mais tarde, por vasos de luz para a tua esperança e esses amigos desfalecentes, que o mundo situa agora nos vales da enfermidade e da prostração, erguidos por teus braços, serão como pontes providenciais, facilitando-te a passagem, quando pedras e espinhos te dificultarem a marcha.
Cada ouvido a que chegue tua mensagem de entendimento será uma voz, que falará aos ouvidos do mundo, em favor de teu ideal.
Segue amando e servindo sempre.
Muitos estacionarão para sorrir ante a história da víbora que o inverno entorpecera… Encontrada por um devoto foi por ele piedosamente reaquecida, mas eis que, voltando ao calor e ao movimento, mordeu-lhe as mãos de amigo, inoculando-lhes peçonha mortal.
Essa lenda, no entanto, foi inventada pela imaginação do pessimismo para os lazeres da indiferença.
Procurarás, no entanto, por tua vez, o Mestre Divino e contar-te-á o Senhor a apoteose da cruz, que, recebida por Ele entre o silêncio do perdão e as preces de amor, se converteu numa escada de triunfo e ressurreição, para que se lhe expandisse a vitória nos Céus.