Livro da Esperança

Livro da esperança



Leitor amigo: este livro, gravitando em torno de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, cujas consolações e raciocínios pretende palidamente refletir, não tem outro objetivo senão convidar-nos ao estudo das sempre novas palavras de Cristo.

Muitos homens doutos falaram delas, através do tempo e alguns deles, decerto com a melhor intenção, alteraram-lhes, de algum modo, o sentido, para acomodá-las aos climas sociais e políticos em que vivem. “”, entretanto, voltaram a interpretá-las, em sua expressão pura e simples, reafirmando-nos que, hoje quanto ontem, é possível a cada um de nós ouvir Jesus, no âmago da alma, a repetir-nos com segurança: “aquele que me segue não anda em trevas.” (Jo 8:12)

Das Esferas superiores, tornaram os mensageiros da Providência Divina, asseverando que Ele vive para sempre, junto de nós, sem desesperar de nossas fraquezas… Mestre abnegado, repete, indefinidamente, a mesma lição milhares de vezes; orientador, dá-nos serviço e aponta-nos o rumo certo na estrada a palmilhar; amigo, compreende-nos as faltas e incorreções sem privar-nos de auxílio; companheiro, caminha conosco, alentando-nos os sonhos, multiplicando-nos as alegrias das horas sem nuvens e enxugando-nos as lágrimas, nos dias de provação e desalento, sem humilhar-nos a pequenez.

Peregrinos da evolução, que todos ainda somos, — os que lutamos por regenerar-nos, melhorar-nos e aprimorar-nos na Terra, na condição de encarnados e desencarnados, — ouçamos, com Allan Kardec, a explicação clara dos princípios evangélicos, que nos certificam de que ninguém está desamparado, que todos os homens são filhos de Deus e que nenhum está órfão de consolação e ensinamento, desde que se apresente nas fontes vivas da Boa Nova, de espírito renovado e coração sincero!…

É por isso, leitor amigo, que em nos associando aos teus anseios de sublimação, que se nos irmanam na mesma trilha de necessidade e confiança, diante do Primeiro Centenário do O Evangelho segundo o Espiritismo, nós te rogamos permissão para nomear este livro despretensioso de servidor reconhecido, como sendo LIVRO DA ESPERANÇA.



Uberaba, 18 de abril de 1964.



Entendendo-se que algumas das páginas deste volume foram publicadas em órgãos diversos da imprensa espírita, convém explicar que Emmanuel o autor espiritual fez a revisão de todas elas, escolhendo ele mesmo, as citações do Novo Testamento e de “O Evangelho segundo o Espiritismo” na abertura de cada capítulo para facilidade de confrontação e de estudo. — Nota da Editora.




Homenagem



Há um século, convidaste Allan Kardec, o apóstolo de teus princípios, à revisão dos ensinamentos e das promessas que dirigiste ao povo, no Sermão da Montanha, (Lc 6:20) e deste-nos “O Evangelho segundo o Espiritismo”.

Desejavas que o teu verbo, como outrora, se convertesse em pão de alegria para os filhos da Terra e chamaste-nos à caridade e à fé, para que se nos purificassem as esperanças nas fontes vivas do sentimento.

Mensagens de paz e renovação clarearam o mundo!

Diante das tuas verdades que se desentranharam da letra, abandonamos os redutos de sombra a que nos recolhíamos, magnetizados por nossas próprias ilusões, e ouvimos-te, de novo, a palavra solar da vida eterna!…

Agradecemos-te esse livro, em que nos induzes à fraternidade e ao trabalho, à compreensão e à tolerância, arrebatando-nos à influência das trevas, pela certeza de tuas perenes consolações…

Obrigado, Senhor, não somente por nós, que devemos a essas páginas as mais belas aspirações, nas tarefas do Cristianismo Redivivo, mas também por aqueles que as transfiguraram em bússola salvadora, nos labirintos da obsessão e da delinquência;

pelos que as abraçaram, quais âncoras de apoio, em caliginosas noites de tentação e desespero;

por aqueles que as consultaram, nos dias de aflição e desalento, aceitando-lhes as diretrizes seguras nas veredas da provação regenerativa;

pelos que as transformaram em bálsamo de conforto e paciência, nos momentos de angústia;

pelos que ouviram, junto delas, o teu pedido de oração e de amor a bem dos inimigos, esquecendo as afrontas que lhes retalharam os corações;

pelos que as apertaram, de encontro ao peito, para não tombarem asfixiados pelo pranto da saudade e da desolação, à frente da morte;

e por todos aqueles outros que aprenderam com elas a viver e confiar, servir e desencarnar, bendizendo-te o nome!…

Oh! Jesus! No luminoso centenário de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, em vão tentamos articular, diante de ti, a nossa gratidão jubilosa!… Permite, pois, agradeçamos em prece a tua abnegação tutelar e, enlevados ante o Livro Sublime, que te revive a presença entre nós, deixa que te possamos repetir, humildes e reverentes:

— Obrigado, Senhor!…