Livro da Esperança

Capítulo LXIII

Ante os incrédulos

“E conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres.”
Jesus (João 8:32)
“A r esistência do incr édulo, devemos convir, muitas vezes, provém menos dele do que da maneir a por que lhe apr esentam as coisas. A fé necessita de uma base, base que é a
Inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para cr er, não basta ver, é preciso, sobr etudo, compr eender.”
(ESE Capítulo 19, Item
7)


“E conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres.” — JESUS (Jo 8:32)


“A resistência do incrédulo, devemos convir, muitas vezes provém menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas. A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender.” —


Compadeçamo-nos dos incrédulos que se arremetem contra as verdades do espírito, intentando penetrá-las à força.

Semelhantes necessitados chegam de todas as procedências… De paisagens calcinadas pelo fogo do sofrimento, de caminhos que a provação encharca de pranto, de furnas da aflição em que jaziam acorrentados ao desespero. Outros existem que nos atingem as portas, conturbados pelo clima de irreflexão a que se afaziam, ou trazendo sarcasmos no pensamento imaturo, quais crianças bulhentas em recintos graves da escola.

Muitas vezes, nas trilhas da atividade cotidiana, somos tentados a categorizá-los por viajores de indesejável convívio, entretanto, os que surgem dementados pela dor e aqueles outros que se acomodam com a leviandade pela força da própria inexperiência, não serão igualmente nossos irmãos, diante de Deus? Certo que não nos é lícito entregar-lhes, em vão, energia e tempo, quando se mostrem distantes da sinceridade que devemos uns aos outros, mas se anelam realmente aprendizado e renovação, saibamos auxiliá-los a compreender que pesquisa e curiosidade somente valem se acompanhadas de estudo sério e trabalho digno.

Estendamos aos companheiros que o ateísmo enrijece, algo de nossas convicções que os ajude a refletir na própria imortalidade. Diligenciemos partilhar com eles o alimento da fé, na mesma espontaneidade de quem divide os recursos da mesa.

Todavia, — perguntarás, — e se recusam, obstinados e irônicos, os bens que lhes ofertamos? E se nos apagam, a golpes de violência, as lanternas de amor que lhes acendamos na estrada?

Se indagações assim podem ser formuladas por nossa consciência tranquila, após o desempenho do nosso dever de fraternidade, será preciso consultar a lógica e a lógica nos dirá que eles são cegos de espírito que nos cabe amparar, em silêncio, na clínica da oração.