Harmonização

Capítulo VII

Entendimento espiritual



“Então, abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras.” — (Lc 24:45)


Em geral, encontram-se queixosos em todos os núcleos de atividade cristã, alegando dificuldades para o justo entendimento do Evangelho.

Alguns leem os versículos mais simples, devoram os capítulos mais belos e permanecem atônitos, surpreendidos.

Por que lhes indicaria a fonte evangélica, se as palavras dos textos diferem tanto de sua situação? perguntam eles.

Sentem-se desiludidos, atordoados de incompreensão. Entretanto, o fenômeno deriva-se do jogo de experiências e nada mais. É indispensável insistir sempre às portas do entendimento.

Há frases e textos difíceis? Convém procurar-lhes a extensão, para encontrar-lhes a sabedoria e a beleza.

Estudo e observação do Evangelho também constituem trabalho, e da mais alta envergadura.

A vaidade e a presunção costumam abandonar o serviço na antecâmara da imensa oficina de luz e, antes que houvessem contemplado as fontes eternas, voltam-se para o mundo, difundindo as sombras da influenciação que lhes é própria, entre a ironia e o escárnio.

Não se precatam de que toda aquisição demanda esforço e perseverança. O menor título de competência profissional no mundo requer fervor e boa vontade no trabalho.

Seria possível, portanto, que as posses Eternas fossem simples objetos de aquisição mecânica, à margem do caminho?

A realização espiritual é serviço supremo do espírito. É imprescindível buscar-lhe as expressões, a golpes de vontade e determinação.

Somente as almas ainda superficiais pedem soluções absolutas às letras evangélicas.

O discípulo sincero não ignora que é preciso trabalhar por absorver-se na luz divina do Espírito e, ao passo que se esforça, está convencido de que o Senhor lhe virá ao encontro, abrindo-lhe o entendimento.