Rematando as nossas atividades, na noite de 15 de setembro de 1955, fomos agraciados por bênção inesquecível.
Pela primeira vez, em nossa casa, tivemos a visita direta de Cairbar Schutel, o grande apóstolo do Espiritismo que, senhoreando as forças do médium, pronunciou vibrante alocução.
Meus amigos:
Que Nosso Senhor Jesus-Cristo nos conserve o amor no coração e a luz no cérebro, para que nossas mãos permaneçam vigilantes e diligentes no bem.
Quem assinala os dramas de aflição a emergirem da treva nas sessões mediúnicas, percebe facilmente a importância da vida humana como estação de refazimento e aprendizado.
Principalmente para nós, os que procuramos no Espiritismo uma porta iluminada de esperança para o acesso à verdade, a existência na Terra se reveste de subido valor, porque não desconhecemos os perigos da volta à retaguarda.
Sentimos de perto o martírio das criaturas desencarnadas que se deixaram arrastar pelos furacões do crime e o tormento das almas, sem a concha física, que ainda se apegam desvairadamente à ilusão.
Somos testemunhas de culpas e remorsos que passaram impunes diante dos tribunais terrestres, e anotamos a Justiça Imanente, Universal e Indefectível, que confere a cada Espírito o galardão da vitória ou o estigma da derrota, segundo as realizações que edificou para si mesmo.
Sabemos que não vale perguntar com a Ciência, menoscabando a consciência, e não ignoramos que as tragédias e as lágrimas que fazem o inferno, nas regiões sombrias, se originam, de maneira invariável, do sentimento desgovernado e vicioso.
Vede, pois, que, em nos conchegando ao Cristo de Deus, buscando-lhe a inspiração para os nossos serviços e ideais, nada mais fazemos que situar os nossos princípios no lugar que lhes é próprio, porque a nossa Doutrina Renovadora é, sobretudo, um roteiro de aperfeiçoamento do homem, com a sublimação do caráter.
Entre as realidades amargas que nos visitam os templos de intercâmbio e certas predicações de companheiros cultos e entusiastas, mas imperfeitamente acordados para as responsabilidades que lhes competem, lembremo-nos de que quase vinte séculos de Cristianismo verbal viram passar no mundo tronos e Estados, organizações e monumentos, guerras e acordos, casas de caridade e santuários de estudo em todas as linhas da civilização do Ocidente, erguendo-se em nome de Jesus e tornando ao pó de que nasceram, tão somente com o benefício da experiência dolorosa, haurida entre a sombra e a desilusão.
Levantemo-nos para a fé que nos redima por dentro.
Deus é o Senhor do Universo e da Natureza, mas determina sejamos artífices de nossos próprios destinos.
Renovemo-nos hoje ao Sol do Evangelho!
Cada qual de nós use a ferramenta das ideias superiores de que já dispõe e de conformidade com a lição de nosso Divino Mestre, estudada por nós nesta noite. Trabalhemos, “enquanto é dia”, (Jo
O Espiritismo não é um esporte da inteligência. É um caminho de purificação para a glória eterna.
No cume da montanha que nos compete escalar, aguarda-nos o Senhor como o Sol da Vida.
Desentranhemos, assim, a gema de nossa alma do escuro cascalho da ignorância, para refletir-lhe a Divina Luz!
CAIRBAR SCHUTEL — Abnegado apóstolo da Causa Espírita. Evangelizador e escritor, desencarnado em Matão, Estado de S. Paulo.