No início da reunião da noite de 16 de agosto de 1956 nosso irmão Ênio Santos, companheiro de nosso grupo, leu edificante página sobre a reencarnação, dando ensejo a vivos comentários em nossa pequena assembleia.
Ao término de nossas tarefas, nosso amigo espiritual José Xavier ocupou o canal psicofônico e comentou, bem-humorado:
Meus amigos, nosso Ênio, Prestimoso, calmo e atento, Recordou com brilhantismo A Lei do renascimento. Temos nós muitos irmãos, Guardando minguado siso, Que esperam voar do mundo À glória do paraíso. E gritam que a pele humana É cárcere deprimente, Arrastando-se escorados A revolta permanente. Contudo, no exame claro De nossa conversação, Decerto o problema exige Carinho e meditação. Eu também fui muito forte Na terra de minha gente, Mas na terra da verdade Muita coisa é diferente. Dizia: — “não torno à carne, Abomino esta peneira…”, Mas a morte me ensinou A pensar de outra maneira. Renascer e renovar São cursos de elevação. Em razão disso, nós temos A lei da reencarnação. Alma agarrada no mundo Sofre do sangue o labéu, Quem renuncia a si mesmo Ascende ao fulgor do Céu. Subir à glória solar Ou descer à sombra atroz Depende muito do espelho Que temos dentro de nós. Por isso, trazemos hoje, Com gratidão a Jesus, Alguém que nos falará Sobre esse espelho de luz. |
Retira-se o nosso irmão José Xavier e, rápido, transfigura-se o médium. Acha-se agora em contato conosco o mensageiro anunciado. É o poeta Amadeu Amaral, que fala com empolgante acento:
…E o Senhor concedeu-te esse espelho divino, Claro, doce, sutil, como a aurora purpúrea, E forte, quanto o mar em procelosa fúria, Por face da verdade a reger-te o destino. Grava-te, em cada instante, honesto e cristalino, Toda ideia sublime e toda ideia espúria, A virtude e a miséria, a grandeza e a penúria, A esperança e a bondade, a treva e o desatino… Conserva, pois, no bem o caminho alto e puro Que te guarde o presente e renove o futuro, Buscando na justiça a força que te exorte. A consciência é a Lei que te acompanha e espreita, O espelho do Senhor na Harmonia Perfeita, A desnudar-te a vida em plena luz da morte. |
AMADEU AMARAL — Laureado poeta paulista.