Vozes do Grande Além

Capítulo XXIX

Súplica de Natal



Na noite de 22 de dezembro de 1955, finalizávamos as tarefas da reunião e as atividades do ano, quando José Xavier, o nosso companheiro de sempre, nos anunciou a presença da poetisa Carmen Cinira, que, segundo a palavra do nosso amigo, vinha orar conosco.

Fizemos silêncio e, em breves minutos, com a voz e com os gestos que lhe são característicos, Carmen Cinira ocupou o canal psicofônico, emocionando-nos intensamente com a oração que abaixo transcrevemos.


Senhor, tu que deixaste a rutilante Esfera

Em que reina a beleza e em que fulgura a glória,

Acolhendo-te, humilde, à palha merencória

Do mundo estranho e hostil em que a sombra ainda impera;


Tu que por santo amor deixaste a primavera

Da luz que te consagra o poder e a vitória,

Enlaçando na Terra o inverno, a lama e a escória

Dos que gemem na dor implacável e austera…


Sustenta-me na volta à escura estrebaria

Da carne que me espera em noite rude e fria,

Para ensinar-me agora a senda do amor puro!…


E que eu possa em teu nome abraçar, renovada,

A redentora cruz de minha nova estrada,

Alcançando contigo a ascensão do futuro.




Presença da poetisa Cármen Cinira — Explicaram nossos 1nstrutores que a poesia não constitui uma despedida formal e sim uma prece da estimada irmã que se prepara atualmente, à luz do Evangelho, para esposar as lides de nova reencarnação terrestre.


CARMEN CINIRA (Pseudônimo de Cinira do Carmo Bordini Cardoso) — Poetisa de grande sensibilidade, desencarnada em 1933.


Essa é a 10ª lição do livro “Antologia Mediúnica do Natal”, editado pela FEB em 1966.