Astronautas do Além

Capítulo IX

O que fazer?




Cremos que, em vista das muitas dificuldades da nossa época, muitos companheiros, antes da nossa reunião, se referiam à necessidade de uma solução para os nossos problemas mais urgentes.

O que fazer ante as lutas materiais e morais que nos são impostas pelos dias de hoje em que ocorrem tantas renovações? Que recursos para levantar as energias de tantos amigos que se mostram desencorajados perante as questões aflitivas do mundo em transformação?

De que maneira erguer as energias dos irmãos que se sentem incompreendidos ou desalentados? Em que fórmula de atitude encontrar e conservar a tranquilidade?

Iniciada a reunião, o item 2 do capítulo XXV de O Evangelho Segundo o Espiritismo () nos ofereceu estudos interessantes sobre o assunto que se debatia. No término de nossas tarefas, o nosso amigo André Luiz compareceu com a página No Rumo da Paz.


Se você retirar a sombra da tristeza que lhe cobre o olhar, observará que o Sol e o Tempo renasceram, hoje, a fim de que você possa refazer-se e recomeçar.

Não se sabe de ninguém que houvesse conseguido a restauração ou o êxito em clima de desabafo.

Sorrir atraindo dedicações e possibilidades ou mostrar a face agoniada da irritação, suscitando adversários ou problemas, dependerá sempre de você mesmo.

Ódio e medo, inveja ou ciúme, desespero ou ressentimento desajustam a mente, e a mente desequilibrada envenena o corpo.

Procure ver o melhor dos outros e dê aos outros o melhor de você, porque o pessimismo jamais edifica.

Você receberá auxílio e assistência na medida exata das suas prestações de serviço ao próximo, recebendo, ainda, por acréscimo, valiosas bonificações da Providência Divina.

Recordemos que situar-nos nas dificuldades dos outros, de modo a senti-las como se fossem nossas, para auxiliar aos outros, sem exigência ou compensação, é a maneira mais justa de garantir a paz.

Lembremo-nos sempre de que a criatura humana, seja qual for a condição em que se encontre, conquanto as imperfeições ou fraquezas que ainda carregue, é um anjo em formação, caindo às vezes para levantar-se e aprender as lições do Bem com mais segurança. E, segundo as leis da evolução, toda a criatura, a fim de burilar-se, é chamada a esforço máximo, no qual a dificuldade e o sofrimento estão incluídos por ingredientes de progresso e sublimação.

Por isto mesmo, em quaisquer ocasiões, seja de alegria ou inquietação, fracasso ou refazimento, se aspiramos a seguir para as vanguardas de elevação e felicidade, amor e luz, só nos resta uma solução: trabalhar.




Nossa mente fragmentária dificilmente compreende o ensino espírita segundo o qual tudo se encadeia no Universo”. O eu nos separa dos outros, das coisas e dos seres. Sentimo-nos, apesar de todas as raízes que nos prendem à terra e de todos os liames que nos amarram aos outros, como seres independentes. Isolamo-nos na trincheira ilusória do nosso eu para enfrentar o mundo e os homens. Não raro nos dispomos a enfrentar a Deus e aos anjos, duvidando de tudo, como se a medida precária, a fita métrica da nossa razão constituísse o fio de prumo da realidade universal.

Preferimos a afirmação de Protágoras de que o homem é a medida de todas as coisas (e o homem nessa caso, somos nós e não os outros) à lição platônica de que é Deus a medida única do todo. Essa atitude de isolamento arrogante, que gera o orgulho e a vaidade, fecha-nos no pequenino universo do nosso eu particular. Daí a conhecida afirmação de Sartre, característica do nosso tempo: “os outros são o inferno”. E como vivemos com os outros, deles dependendo, a eles amarrados pela estrutura social e pela dinâmica espiritual, sentimo-nos no inferno.

A mensagem de André Luiz, renovando a lição essencial do Cristo, vem lembrar-nos que não somos apenas homens, mas anjos em formação. Como homens sofremos porque nos situamos na zona intermediária da evolução, entre os animais e os anjos. Nossas angústias, nosso tédio, nosso desespero decorrem do conflito corpo-espírito. Mas nossas esperanças se alimentam das claridades celestes que se acendem progressivamente em nossa alma. Nosso corpo nos isola no mundo, mas nosso Espírito nos liga a todas as coisas e a todos os seres. Esse corpo se fecha nas sensações materiais, reduzidas à percepção sensorial. Mas nosso Espírito se abre nas emoções espirituais que nos dão a percepção extra-sensorial.

A solução dos nossos problemas está assim em nós mesmos. A fase de transição que hoje vivemos na Terra exige de nós a compreensão global da vida. E o caminho para essa compreensão é o serviço ao próximo — que nos liga aos outros — o desenvolvimento das nossas experiências através do trabalho, a busca de uma visão nova da vida como processo evolutivo — em que os fins imediatos são apenas meios para atingirmos a finalidade real da existência.