Ementário Espírita

CAPÍTULO 17

NO OUVIR



Não faça do seu silêncio conivência com a calúnia.

Há muita covardia que se esconde por detrás de lábios selados.

Se o acusado lhe é estranho, desculpe-o. Se é seu conhecido apresente ao acusador as faculdades nobres que ele possui.

A lama fétida oculta nascentes cristalinas.

O rio transparente desliza sobre lama repousante.

Há homens de caráter lodacento, embora possuidores de valiosos mananciais, que ninguém ajuda a se libertarem do tremedal.

E há corações de bondade à flor dos sentimentos que qualquer gravame imprevisto tolda as realizações.


* * *

Use o dom do verbo em favor do próximo. Não é necessário que você se transforme em causídico sistemático a serviço de todos. Nem que se transfigure em estátua impassível quando o crime realiza desmandos.

A pretexto de humildade não concorde com o erro.

A violência nascida da coragem é menos danosa do que a não violência gerada pela covardia. . .

A humildade no coração do homem não é virtude estática em inoperância: é construção dinâmica em realizações morais.

No momento em que a acusação indébita lhe chegue aos ouvidos, observe e tente ajudar. Não conseguindo inutilizar a sementeira da maldade, silencie e, ao primeiro ensejo, desvie o assunto. Não consinta que a sua audição se contamine com a rezinga quando entoe o triste canto da difamação.