Quando quiserdes estudar a aptidão de um médium, não evoqueis logo por seu intermédio o primeiro Espírito de que vos lembrardes, pois jamais se disse que o médium seja apto a servir de intérprete a todos os Espíritos, e os Espíritos levianos podem usurpar o nome daquele a quem chamais. Evocai de preferência o seu Espírito familiar, porque este virá sempre; então o julgareis por sua linguagem e estareis em condições de melhor apreciar a natureza das comunicações que o médium recebe.
Os Espíritos encarnados agem por si mesmos, conforme sejam bons ou maus.
Também podem agir sob a ação de Espíritos não encarnados, dos quais são instrumentos para o bem ou para o mal, ou para a realização algum feito. Somos, pois, malgrado nosso, os agentes da vontade dos Espíritos para aquilo que acontece no mundo, tanto no interesse geral, quanto no individual. Assim, encontramos alguém que nos induz a fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Pensamos que é o acaso que no-lo envia, quando na maioria dos casos são os Espíritos que nos impelem uns para os outros, porque tal encontro deve conduzir a um resultado determinado.
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Encarnando em diferentes posições sociais, os Espíritos são como atores que fora da cena se trajam como toda a gente e no palco usam todas as vestimentas e representam todos os papéis, desde o rei até o trapeiro.
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Há pessoas que não temem a morte, que cem vezes enfrentaram, no entanto experimentam um certo medo da escuridão. Não receiam os ladrões e no entanto, na solidão, num cemitério, à noite, temem alguma coisa. São os Espíritos que estão junto a elas e cujo contacto lhes produz uma impressão que resulta num medo inexplicável.
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As origens que certos Espíritos nos atribuem, pela revelação de pretensas existências anteriores, são muitas vezes um meio de sedução e uma tentação para o nosso orgulho, que se envaidece por ter sido tal ou qual personagem.
ALLAN KARDEC