Relatório da caixa do Espiritismo
Feito à Sociedade Espírita de Paris, no dia 5 de maio de 1865, pelo Sr. Allan Kardec
Senhores e caros colegas,
Há algum tempo vos anunciei novas explicações sobre a caixa do Espiritismo. O início de um novo ano social naturalmente me oferece essa ocasião. Nesta exposição lamento ter que falar de mim, o que faço o menos possível, mas nesta circunstância não poderia evitá-lo, por isso, e de antemão, peço me desculpeis.
Lembrarei sumariamente o relatório sobre o assunto que vos apresentei há dois anos.
Em fevereiro de 1860, foi posto à minha disposição um donativo de 10.000 francos para usá-lo à vontade, no interesse do Espiritismo. Naquela época, a Sociedade não tinha um local seu, o que constituía grave inconveniente. A extensão que começava a tomar a doutrina fazia sentir a utilidade de um local adequado não só para as sessões mas para a recepção de visitantes que a cada dia se tornavam mais numerosos e tornavam indispensável a presença permanente de alguém na própria sede da Sociedade. Escolhi este local, que reunia as vantagens do asseio e da localização central. Aliás, a escolha não foi fácil, dada a necessidade de dependências apropriadas à sua finalidade, aliada ao elevado preço dos aluguéis. O preço de locação deste local, inclusive as contribuições, é de 2.930 francos. Não podendo a Sociedade suportar tal encargo e pagando apenas l.200 francos, faltavam l.130 francos, os quais se devia prover. Aplicar o donativo feito, tanto na compra de material quanto no pagamento do excedente do aluguel, não era afastar-se das intenções do doador, porquanto era aplicado no interesse da doutrina e, com efeito, compreende-se, sobretudo hoje, quanto foi útil ter este centro para onde convergem tantas relações, e quanto era necessário, além disso, que eu tivesse aqui um alojamento. Contudo, devo lembrar que se aqui moro, não é vantagem para mim, porque tenho outro apartamento que nada me custa e onde me seria mais agradável morar, e com tanto mais razão quando essa dupla residência, longe de ser um alívio, é uma agravação de encargos, como logo demonstrarei.
A soma de 10.000 francos foi, pois, o primeiro fundo de caixa do Espiritismo, caixa que, como sabeis, é objeto de uma contabilidade especial e não se confunde com meus negócios pessoais. Esse fundo devia bastar para completar, mais ou menos, o aluguel durante seis anos, conforme a conta detalhada que apresentei da última vez. Ora, o contrato expira em um ano e a soma chega ao fim.
É verdade que o capital da caixa foi aumentado com várias somas, e assim está constituído:
1.º ─ Donativo de fevereiro de 1860 - 10.000 francos;
2.º ─ Concessão de um empréstimo feito numa época anterior, no interesse do Espiritismo – 600 francos;
3.º ─ Donativo feito em 1862 – 500 francos;
4.º ─ Outro donativo, feito em setembro de 1864 - 1.000 francos;
5.º ─ Outro donativo, feito em outubro de 1864 - 2.000 francos; TOTAL – 14.100 francos.
Tendo estas duas últimas parcelas destino especial, na realidade só 11.100 francos estão destinados ao aluguel e não bastarão inteiramente.
Mas o aluguel não é o único encargo que incumbe ao Espiritismo. Não falo das obras de beneficência, que são uma coisa à parte de que falaremos a seguir. Abordo um outro lado da questão, e é aqui que reclamo a vossa indulgência, pela necessidade que tenho de falar de mim.
Falaram muito do lucro que eu obtinha com as minhas obras. Ninguém sério na verdade acredita em meus milhões, malgrado a afirmação dos que diziam saber de boa fonte que eu levava uma vida principesca; que eu tinha carruagens de quatro cavalos e que em minha casa só se pisava em tapetes de Aubusson. Por mais que tenha dito, além disso, o autor de uma brochura que conheceis, que prova por cálculos hiperbólicos que meu orçamento das receitas ultrapassa a lista civil do mais poderoso soberano da Europa (38 milhões. Revista de junho de 1862 e junho de 1863), o que, diga-se de passagem, testemunharia uma expansão verdadeiramente maravilhosa da doutrina, há um fato mais autêntico que os seus cálculos: é que jamais pedi qualquer coisa a alguém; jamais alguém me deu algo para mim pessoalmente e nenhuma coleta de um vintém sequer veio atender às minhas necessidades. Numa palavra, não vivo às custas de ninguém, porquanto das somas que me foram confiadas no interesse do Espiritismo, nenhuma parcela foi retirada em meu proveito e, aliás, vê-se a quanto montam as cifras.
Minhas imensas riquezas proviriam, então, de minhas obras espíritas. Embora essas obras tenham tido um sucesso inesperado, basta ter um leve conhecimento de assuntos de livraria para saber que não é com livros filosóficos que se amontoam milhões em cinco ou seis anos, quando sobre a venda só se tem o direito autoral de alguns cêntimos por exemplar. Mas, seja ele muito ou pouco, sendo este produto o fruto do meu trabalho, ninguém tem que se imiscuir na aplicação que dele faço. Mesmo que ele se elevasse a milhões, considerando-se que tanto a compra dos livros quanto a assinatura da Revista são facultativas e não impostas em nenhuma circunstância, nem mesmo para assistir às sessões da Sociedade, ninguém tem nada a ver com isso. Falando comercialmente, estou na posição de qualquer homem que recolhe o fruto de seu trabalho: corro o risco de todo escritor que pode triunfar, como pode fracassar.
Embora, no particular, não tenha que prestar contas, creio útil à própria causa a que me votei, dar algumas explicações.
Para começar, direi que minhas obras não são minha propriedade exclusiva, e sou obrigado a comprá-las do meu editor e pagá-las, como um livreiro, com exceção da Revista, da qual conservei os direitos de propriedade; que o lucro se acha singularmente diminuído pelas obras que não são vendidas e pelas distribuições gratuitas feitas no interesse da doutrina, a pessoas que sem isto delas estariam privadas. Um cálculo muito simples prova que o preço de dez volumes perdidos ou doados, que nem por isso deixo de pagar, basta para absorver o lucro de cem volumes. Isto seja dito a título de informação e entre parênteses. No fim das contas, feito o balanço, resta, contudo, alguma coisa. Imaginai a cifra que quiserdes. O que faço com ela? Isto é o que mais preocupa certa gente.
Quem quer que tenha outrora visto nossa intimidade e a veja hoje, pode atestar que nada mudou em nossa maneira de viver depois que passei a ocupar-me do Espiritismo. Ela é tão simples agora quanto era outrora, porque uma vida suntuosa não está nos nossos gostos. Então, é certo que os meus lucros, por maiores que sejam, não servem para nos dar os prazeres do luxo. Não temos filhos, portanto não é para eles que economizamos, e nossos herdeiros indiretos são, em sua maioria, muito mais ricos que nós. Seria muita ingenuidade esgotar-me trabalhando por eles. Então teria eu a mania de entesourar para ter o prazer de contemplar meu dinheiro? Penso que meu caráter e meus hábitos jamais tenham permitido que fizessem tal suposição. Os que me atribuem tais ideias conhecem muito pouco meus princípios em matéria de Espiritismo, porque me julgam muito apegado aos bens da Terra. Por que as coisas são assim? Considerando-se que não tiro proveito disso, quanto mais fabulosa for a soma, mais embaraçosa será a resposta. Um dia se saberá sua cifra exata, bem como o seu emprego detalhado, e os criadores de histórias poderão economizar a imaginação; hoje limito-me a alguns dados gerais para pôr um freio a suposições ridículas. Para tanto, devo entrar nalguns detalhes íntimos, pelo que vos peço perdão, mas são necessários.
De todos os tempos temos tido de que viver, muito modestamente, é verdade, mas o que teria sido pouco para certa gente nos bastava, graças a nossos gostos e hábitos de ordem e economia. À nossa pequena renda vinha juntar-se, como suplemento, o produto das obras que publiquei antes do Espiritismo, e o de um modesto emprego que tive de deixar quando os trabalhos da doutrina me absorveram todo o tempo.
Na propriedade que possuo e que me fica como sobra daquilo que a má-fé não me pôde arrancar, podíamos viver tranquilamente e longe da confusão dos negócios. Tirando-me da obscuridade, o Espiritismo veio lançar-me em novo caminho. Em pouco tempo vi-me arrastado num movimento que estava longe de prever. Quando concebi a ideia do Livro dos Espíritos, minha intenção era não me pôr em evidência e ficar desconhecido, mas logo sobrecarregado, isto não mais me foi possível. Tive que renunciar à minha solitude, sob pena de abdicar da obra empreendida, que crescia prodigiosamente. Foi preciso seguir-lhe o impulso e tomar as suas rédeas. Se meu nome tem agora alguma popularidade, certamente não fui eu que a busquei, pois é notório que não a devo à propaganda nem à camaradagem da imprensa, e que jamais tirei proveito da minha posição e das minhas relações para me lançar no mundo, quando isto ter-me-ia sido tão fácil. Mas, à medida que a obra crescia, um horizonte mais vasto desenrolava-se à minha frente, cujos limites recuavam. Compreendi então a imensidade de minha tarefa e a importância do trabalho que me restava fazer para completá-la. Longe de me apavorar, as dificuldades e os obstáculos redobraram minha energia; vi o objetivo e resolvi atingi-lo, com a assistência dos bons Espíritos. Eu sentia que não tinha tempo a perder e não o perdi em visitas inúteis nem em cerimônias ociosas. Foi a obra de minha vida. Para ela dediquei todo o meu tempo; a ela sacrifiquei meu repouso e a minha saúde, porque diante de mim o futuro estava escrito em caracteres irrefutáveis. Fi-lo por meu próprio impulso, e minha mulher, que não é nem mais ambiciosa nem mais interesseira que eu, concordou plenamente com meus pontos de vista e me secundou na tarefa laboriosa, como o faz ainda, por um trabalho por vezes acima de suas forças, sacrificando sem pesar os prazeres e distrações do mundo, aos quais sua posição de família a tinham habituado.
Sem nos afastarmos de nosso gênero de vida, essa posição excepcional não deixou de criar-nos necessidades às quais apenas meus próprios recursos permitiam prover. Seria difícil imaginar a multiplicidade de despesas que ela acarreta, e que sem isso eu teria evitado. A necessidade de morar em duas residências é, como já disse, um acréscimo de gastos, pela obrigação de ter todo o mobiliário em dobro, sem contar uma porção de gastos miúdos exigidos por essa dupla habitação e as perdas que resultam da negligência de meus interesses materiais, relegados por uma série de trabalhos que me absorvem todo o tempo. Não é uma queixa que formulo, pois minhas ocupações atuais são voluntárias; é um fato que constato, em resposta àqueles que dizem que tudo é lucro para mim no Espiritismo. Quanto aos gastos especiais ocasionados por minha posição, seria impossível enumerá-los, mas, se considerardes que tenho anualmente mais de oitocentos francos de despesas em porte de cartas, independentemente das viagens, e que tenho a necessidade de ligarme a alguém para me ajudar, e outros pequenos gastos indispensáveis, compreendereis que não exagero dizendo que minhas despesas anuais, que foram crescendo incessantemente, hoje estão mais que triplicadas. Pode-se fazer uma idéia, aproximadamente, a quanto pode se elevar este excelente em oito anos, tomando a média de 6.000 francos por ano. Ora, ninguém contestará a utilidade destas despesas para o sucesso da doutrina, que evidentemente teria enlanguecido se eu tivesse permanecido no meu retiro, sem ver ninguém e sem as numerosas relações que mantenho diariamente. É o que, entretanto, eu teria sido obrigado a fazer, se nada me tivesse vindo em auxílio.
Pois bem, senhores, o que me proporcionou esse suplemento de recursos foi o produto de minhas obras. Digo com satisfação que foi com o meu próprio trabalho, com o fruto de minhas vigílias que provi, pelo menos em sua maior parte, às necessidades materiais da instalação da doutrina. Assim, eu trouxe uma larga quotaparte à caixa do Espiritismo. Deus quis que ele encontrasse em si mesmo os seus primeiros meios de ação. No princípio eu lamentava que minha pouca fortuna não me permitisse fazer o que eu queria fazer pelo bem da causa, mas hoje aí vejo o dedo da Providência e a realização desta predição tantas vezes repetida pelos bons Espíritos: “Não te inquietes com nada. Deus sabe o que te é preciso e saberá provêlo.”
Se eu tivesse empregado o produto de minhas obras no aumento de meus prazeres materiais, isto teria resultado em prejuízo do Espiritismo, contudo, ninguém teria tido o direito de objetar, porque eu era bem senhor de dispor à vontade daquilo que só devia a mim mesmo; mas, porque me privava antes, podia privar-me depois; penso que o aplicando à obra, ninguém achará que seja dinheiro mal empregado e os que ajudam na propagação das obras não poderão dizer que trabalham para me enriquecer.
Prover o presente não era tudo. Era necessário pensar no futuro e preparar uma fundação que, depois de mim, pudesse ajudar aquele que me substituirá na grande tarefa que terá de cumprir. Essa fundação, sobre a qual devo calar-me ainda, se liga à propriedade que possuo e é em vista disto que aplico uma parte dos meus rendimentos em melhorá-la. Como estou longe dos milhões com que me gratificaram, duvido muito que, a despeito de minhas economias, meus recursos pessoais me permitam dar a essa fundação o complemento que em vida lhe queria dar. Mas, considerando-se que sua realização está nos planos de meus guias espirituais, se eu mesmo não a fizer, é provável que um dia ou outro isto seja feito. Enquanto espero, faço os planos no papel.
Longe de mim, senhores, o pensamento de vangloriar-me do que vos acabo de expor. Foi preciso a persistência de certas diatribes para me impelir, embora contra a vontade, a romper o silêncio sobre alguns dos fatos a meu respeito. Mais tarde, todos aqueles a quem a malevolência aprouve desnaturar serão trazidos à luz por documentos autênticos, mas ainda não chegou o dia dessas explicações. A única coisa que me importava no momento era que fôsseis esclarecidos sobre o destino dos fundos que a Providência fez passar pelas minhas mãos, seja qual for a sua origem. Não me considero senão como simples depositário daqueles que ganho, e com mais forte razão daqueles que me são confiados e dos quais prestarei contas rigorosas. Resumo dizendo que não necessito deles para mim, o que significa dizer que deles não tiro proveito.
Resta falar-vos, senhores, da caixa de beneficência. Sabeis que ela se formou, sem desígnio premeditado, com algumas quantias postas em minhas mãos para obras de caridade, mas sem destinação especial, às quais junto as que de vez em quando se acham sem emprego determinado. O primeiro donativo feito com este objetivo foi de 200 francos, enviados a 20 de agosto de 1863. No ano seguinte, a 17 de agosto, a mesma pessoa me remeteu outros 200 francos. A 1º de setembro, durante minha viagem, outra me enviou 100 francos. Quando das subscrições publicadas na Revista, várias pessoas juntaram às suas remessas importâncias menores, com emprego facultativo. Mais recentemente, a 28 de abril último, alguém me remeteu 500 francos. O total das receitas até hoje chegou ao montante de 1.317 francos. O total das despesas, em auxílios diversos, donativos e empréstimos ainda não reembolsados, chega ao montante de 1.060 francos. Atualmente restam-me em caixa 257 francos.
Alguém me perguntava um dia, naturalmente sem curiosidade, e por mero interesse pela causa, o que eu faria de um milhão, se eu o tivesse. Respondi-lhe que hoje o seu emprego seria totalmente diferente do que teria sido no princípio. Outrora eu teria feito propaganda por uma larga publicidade; agora reconheço que isto teria sido inútil, porque nossos adversários disto se encarregaram às suas custas. Não pondo, portanto, grandes recursos à minha disposição, os Espíritos quiseram provar que o Espiritismo não devia o seu sucesso senão a si mesmo, à sua própria força, e não ao emprego dos meios vulgares.
Hoje que o horizonte se alargou, que sobretudo o futuro se desdobrou, fazem-se sentir necessidades de outra ordem. Um capital como o que supondes teria um emprego mais útil. Sem entrar em detalhes que seriam prematuros, apenas direi que uma parte serviria para converter minha propriedade numa casa especial de retiro espírita, cujos habitantes recolheriam os benefícios de nossa doutrina moral; a outra para constituir uma renda inalienável, destinada: 1.º ─ a manter o estabelecimento; 2.º ─ a assegurar uma existência independente àquele que me sucederá e àqueles que o ajudarão em sua missão; 3º ─ a cobrir as necessidades correntes do Espiritismo, sem a necessidade de recorrer aos produtos eventuais, como sou obrigado a fazer, porquanto a maior parte dos recursos repousam em meu trabalho, que terá um termo.
Eis o que eu faria. Mas, se esta satisfação não me é dada, pouco me importa que seja dada a outros. Aliás, eu sei que, de um modo ou de outro, os Espíritos que dirigem o movimento proverão a todas as necessidades em tempo hábil. Eis por que absolutamente não me inquieto com isso e me ocupo do que para mim é a coisa essencial: a conclusão dos trabalhos que me restam por terminar. Feito isto, partirei quando a Deus aprouver chamar-me.
Admiram-se que certas figuras altamente colocadas e notoriamente simpáticas à ideia espírita não tomem abertamente e oficialmente a causa em suas mãos. Dizem que seria seu dever, porquanto o Espiritismo é uma obra essencialmente moralizadora e humanitária. Esquecem-se que essas pessoas, por sua própria posição, têm, mais do que outras, que lutar contra preconceitos que só o tempo fará desaparecer, e que cairão ante o ascendente da opinião. Digamos, além disso, que o Espiritismo ainda se acha no estado de esboço e que ele não disse a sua última palavra. Os princípios gerais estão estabelecidos, mas ainda mal se entreveem as consequências, que não são e nem podem ser ainda claramente definidas. Até agora ele não passa de uma doutrina filosófica cuja aplicação às grandes questões de interesse geral é preciso esperar. Só então é que muitas pessoas compreenderão o seu verdadeiro alcance e utilidade e poderão pronunciar-se com conhecimento de causa. Até que o Espiritismo tenha completado sua obra, o bem que ele faz é limitado; ele não pode ser senão uma crença individual, e uma adesão oficial seria prematura e impossível. Então sim, muitos daqueles que hoje o consideram como uma coisa fútil, forçosamente mudarão sua maneira de ver e serão levados, pela própria força das coisas, a fazer dele um estudo sério. Deixemo-lo, pois, crescer e não peçamos que seja homem antes de ter sido menino; não peçamos à infância o que só a idade viril pode dar.
A. K.
NOTA: Esta exposição tinha sido feita apenas para a Sociedade, mas, tendo sido pedida por unanimidade a sua inserção na Revista, julgamos dever atender a esse desejo.