Jerônimo Mendonça Ribeiro nasceu em Ituiutaba, rincão mineiro, no dia 1. ° de novembro do ano de 1939. Penúltimo dos nove filhos do humilde casal Altino Mendonça (desencarnado) e Antônia Cândida de Jesus.
Cursou apenas até o 3. ° ano primário, muito embora mostrasse invulgar cultura e penetração espiritual, sempre que chamado a alguma posição relevante. Foi membro da respeitável Igreja Presbiteriana do Brasil até os 15 anos, quando então se encontrou com a Doutrina dos Espíritos.
Jerônimo sempre deu mostras de profunda religiosidade, vazada de entranhado amor ao próximo. Aos 17 anos, gozava de invejável saúde física, chegando mesmo ao exercício do futebol, onde se revelou bom jogador, dada a sua notável agilidade e altura. No entanto, empolgado pelas emoções de sadia e honesta adolescência, Jerônimo viu-se de repente abordado pelo tacão indiferente da dor que, não lhe respeitando o viço dos 18 anos e tampouco as explosões juvenis, não trepidou em desferir-lhe o golpe cruel, registrando a cicatriz de uma dolorosa artrite reumatoide, que escapou a toda e qualquer habilidade médica.
Aos 19 anos, marcado pelas primeiras expressões da dor, que se avolumariam mais tarde, foi constrangido a sacrificar os horizontes de um campo de futebol pelos limites de um par de muletas. Era comum encontrá-lo contemplativo nos estertores do Ocaso, a buscar alhures, além do sol, da lua, dos astros, aquela força que forjaria no jovem adolescente o caráter de um ancião experiente, treinado pelo sofrimento. Sim, pois à medida que a dor sulcava seus membros físicos, atrofiando-lhe os superiores e inferiores, com o consequente cerrar dos olhos, que se apagaram para sempre, qual vagalumes devorados por famulento predador, ele ampliava a visão interior, buscando ver, além das aparências humanas, a realidade indiscutível de uma justiça que por todos vela, indiferente ao brasão social. Guiado por esta visão, não mediu esforços, trabalhando na construção de um centro espírita, na cidade de Ituiutaba, no ano de 1970, que levou o sugestivo nome de SEAREIROS DE JESUS.
Um ano depois, ergueu uma gráfica espírita, que atualmente desempenha importante papel dentro das atividades de divulgação de mensagens escritas. Nove anos mais tarde, sensibilizado pela necessidade de orientação evangélica de uma comunidade rural, fundou, na localidade que ora leva o nome de Córrego da Canoa, um outro centro, o Centro Espírita MANOEL AUGUSTO DA SILVA, em homenagem a um estremecido amigo. Posteriormente, gravou dois discos 1NTIMIDADE ESPÍRITA e OBRIGADO SENHOR, objetivando levar ao coração cansado e atribulado do povo uma mensagem de esperança e paz.
Escreveu os livros: CREPÚSCULO DE UM CORAÇÃO, DE MÃOS DADAS COM JESUS, este de parceria com o amigo David Palis Júnior e NAS PEGADAS DE UM ANJO, onde Jerônimo traiu a sua extraordinária capacidade de pensador romântico, dentro das expressões eminentemente cristãs.
O presente volume, ESCALADA DE LUZ, é a compilação de todas as suas mensagens; e ainda está trabalhando num outro, que deverá ser editado brevemente. CADEIRA DE RODAS, é o seu título. Suas 127 mensagens, encontramos em diversos programas de rádio em Ituiutaba e São Paulo.
Todos seus direitos autorais são doados a instituições de caridade, obras beneficentes. Hoje, ele está empenhado na construção da creche espírita POUSO DO AMANHECER, que acolherá por volta de 100 crianças.
A par de todo este trabalho, ele traz sempre consigo uma mensagem de amor, de ânimo, que vigora o moral do ser humano, desnorteado e triste, sequioso não só de pão ou conforto, mas de paz e orientação.
Hoje, se formos procurar Jerônimo em sua terra natal, de certo não o encontraremos com facilidade. Porque, embora os impedimentos físicos, ele percorre o Brasil, pregando o Evangelho de Jesus. Pregações convincentes, pois ele cunha as palavras com a comovedora resignação do seu corpo adestrado pelo sacrifício, e se suas conferências emocionam, seu exemplo edificante arrasta.
recursos de que me valerei, de que nos valeremos, na incansável escalada de luz a que estamos fadados. Lamento finalizar e coro na iminência de faltar com a gratidão, na difícil tarefa de biografar o "Gigante deitado".
Ituiutaba, 17 de maio de 1982
José Geraldo Oliveira de Melo