O homem mais infeliz, indubitavelmente, é aquele que perdeu o senso de autocrítica. Senão vejamos.
Há quem lastime não ter uma mansão para residir, no entanto milhões estão dormindo debaixo de pontilhões abandonados.
Há quem reclame, em lágrimas, não ter podido comprar o carro do ano, ao passo que muitos jazem parafusados ao leito da paralisia.
Há quem não se conforme com o bairro humilde em que reside, enquanto centenas de criaturas superlotam os presídios.
Há quem censure a mesa frugal, enquanto milhões de outros irmãos revolvem as latas de lixo à procura de algo para amenizar a fome do estômago atormentado.
Existem aqueles que dizem não suportar o clima de determinada cidade, sem se lembrarem, contudo, daqueles que suportam na pele o chamad "fogo selvagem".
Muitos mostram defeitos em seus patrões, enquanto centenas de outros irmãos não dispõem de saúde para trabalhar.
Muitos lamentam não poder renovar o guarda-roupa e as sapateiras, enquanto centenas de outros irmãos andam maltrapilhos e descalços, pisando duras pedras pelos caminhos.
Há quem diga não suportar leves dores de cabeça, olvidando aqueles que se encontram soterrados na loucura.
Há quem se impaciente com um simples terçol, enquanto milhões de outros irmãos padecem a cegueira dolorosa.
Outros declaram não suportar o companheiro insensato, ou a esposa infeliz, enquanto milhões de outros irmãos padecem a prova da solidão.
Pense em tudo isso e, certamente, a essa hora a sua dor terá desaparecido.