Tive a honra de conhecê-lo. Homem simples e bom que amava a terra.
Caráter reto e sem grandes ambições. Jamais ouvi de seus lábios uma palavra descortês e tinha por todos um grande respeito humano. Sua caneta era uma enxada de duas caras, cabo de guatambú, com a qual carpia a gleba. Setenta anos de luta, de sacrifício e renúncia foram a epopeia de sua vida. Possuidor de uma tolerância incomum, dócil por natureza.
Desencarnou vítima de um câncer prostático. E no curso de sua dolorosa enfermidade seus lábios jamais balbuciaram uma só blasfêmia. A tudo resistiu valorosamente, com uma humildade contagiante, conquistando a simpatia de todos os enfermeiros e médicos do Hospital São José, onde deu seu último suspiro para este mundo.
Deixou viúva a Senhora Abadia Rita da Silva, deixando sete filhos maravilhosos, sendo três homens e quatro mulheres.
O pouco que convivi com ele, aprendi muito. Gostava do Espiritismo.
Hoje, Senhor Manoel, o senhor está mais vivo e mais remoçado, após a cirurgia da morte.
Quis Deus que eu ainda ficasse, crucificado num leito de dor e impossibilitado de ver o mundo, mas espero que Jesus me dê o seu exemplo de coragem e estoicismo para que eu, também, possa compreender e perdoar para merecer, um dia, estar a seu lado, amando tudo o que o senhor amou, até que atinjamos a perfeição ideal.