Trevo de Idéias

Capítulo II

Saibamos esperar



Na maioria das vezes, aquilo que nomeamos como sendo “ingratidão” nos outros não passa de desespero e rebelião em nós mesmos.

Lamentar decepções e desenganos, quase sempre, significa desertar de nossas próprias tarefas, através da expectativa injustificável, quanto à alheia cooperação.

Recorda a bênção do tempo e convence-te de que a vitória é a construção daqueles que sabem esperar.

Vejamos a lição das cousas simples na esfera da natureza…

A erva tenra não pode ser acusada pela ausência do fruto.

O charco menosprezado não consegue, de improviso, responder aos imperativos da sementeira.

A peça derretida ao calor da forja não dispõe de recursos para atender, de imediato, à exigência doméstica.

Pomicultores, semeadores e artífices sabem aguardar a hora justa, em que o grelo frágil converter-se-á em tronco amigo, em que o pântano ressurgirá como leira fértil e em que o minério no braseiro estará convertido em apetrecho do lar, mas nem por isso demoram-se em atitude preguiçosa ou inoperante.

Adubam a planta, drenam a terra sacrificada e prestam eficiente auxílio à bigorna esfogueante.

Não peças, assim, dos outros, pensamentos, palavras e atos que ainda não sejam capazes de produzir.

Se tens raciocínio e sentimento para sondar-lhes as chagas e as fraquezas, aprende a auxiliá-los com segurança para que te correspondam aos programas de trabalho e aos anseios de amor.

Cristo, além da cruz, não se deteve a chorar pela defecção dos companheiros queridos, e sim valeu-se do tempo para restituí-los ao serviço do bem e reajustá-los na própria fé.

Não te percas na neblina enregelante das lágrimas vazias e inúteis. Trabalhemos infatigavelmente, na bênção do hoje, para que se erga mais alta, em nosso caminho, a bênção do amanhã.