Enfermara fazia muito tempo e transitara de guichê a guichê de informações, munido com a competente guia para o internamento hospitalar.
Difícil, ali, a vaga de que necessitava.
Adicionando à enfermidade a fome perseguidora, desmaiou à porta da Repartição, quase ao término do expediente.
Passado o primeiro choque de alguns transeuntes, ali ficou semi-hebetado.
—Certamente é bebida, afirmaram alguns, ou epilepsia, completaram outros.
—Convém que nos metamos, acentuaram terceiros, e ele ficou girando no mundo do vágado demorado.
A noite caiu e ele, sem forças, continuou tombado.
A precipitação de todos não tempo para examiná-lo; a velocidade dos veículos não permitia que o vissem desfalecido.
Ele permaneceu derreado.
Quando o silêncio se abatera sobre o centro comercial, um petiz desafortunado vendo-o tombado se acercou e perguntou-lhe o que havia.
Ele balbuciou algumas palavras e o menino de rua, acostumado ao sofrimento humano, respondeu: "Isto se resolve com uma xícara de café. " Saiu a correr e a correr retornou, trazendo nas mãos o estimulante que lhe faltava ao corpo combalido.
Depois, ofereceu-lhe ombro gentil e ajudou-o a tomar a condução em local próximo a fim de retornar ao lar.
A criança não lhe pediu nome.
Nem ele agradeceu ao benfeitor anônimo. tudo sob o manto da noite e o olhar da Caridade. Cuidado com a indiferença! Porque tudo esteja mal, não agraves com o cepticismo a maldade que grassa.
Sê o Samaritano, mesmo que não tenhas "nada com isto", que ele não seja dos teus e que a pressa te esteja impulsionando para dele fugir.
Talvez, um dia, - pois que ninguém está isento desta ocorrência - sejas tu o tombado, na calçada da rua, ou no leito do hospital, em qualquer lugar, sob o manto da noite e o olhar da Caridade.