Tormentos da Obsessão

TORMENTOS DA OBSESSÃO



A obsessão campeia na Terra, em razão da inferioridade de alguns Espíritos que nela habitam.

Mundo de provas e expiações, conforme esclareceu Allan Kardec, é também bendita escola de recuperação e reeducação, onde se matriculam os calcetas e renitentes no mal, que crescerão no rumo da felicidade mediante o contributo das aflições que se lhes fazem indispensáveis.

Alertados para o cumprimento dos deveres morais e espirituais que são parte do programa de crescimento interior de cada qual, somente alguns optam pelo comportamento saudável, o que constitui psicoterapia preventiva contra quaisquer aflições a que pudessem ser conduzidos.

No entanto, aqueles que se tornam descuidados dos compromissos de auto-iluminação e de paz enveredam pelas trilhas do abuso das faculdades orgânicas, emocionais e mentais, comprometendo-se lamentavelmente com as soberanas Leis da Vida através da agressão e do desrespeito aos irmãos de marcha evolutiva.

Não é, portanto, de estranhar que a inferioridade daqueles que sofrem injustiças e traições, enganos e perversidades, os arme com os instrumentos covardes da vingança e da perseguição quando desvestidos da indumentária carnal, para desforçarem-se daqueles que, por sua vez, foram motivos do seu sofrimento.

Compreendessem, porém, a necessidade do amor e superariam as ocorrências nefastas, desculpando os seus adversários e dando-lhes ensejo para repararem o atentado praticado contra a Consciência Divina.

No entanto, porque também primários nos sentimentos, resolvem-se pelo desforço, atirando-se nas rudes pugnas obsessivas, nas quais, por sua vez, tornam-se igualmente presas das paixões infelizes que combatem nos seus desafetos.

A inteligência e o sentimento demonstram que é muito mais fácil amar ser fiel, construir a paz, implantar o dever, realizar a própria e contribuir em favor da felicidade alheia, do que semear dissabor, cultivar amargura, distender o ódio e o ressentimento.

Não obstante, o egoísmo e a crueldade que ainda vigem nas criaturas humanas quase em geral respondem pela conduta doentia, impulsionando-as para os desatinos e descalabros que se tornam responsáveis pela sua futura desdita.

Negando-se aos sentimentos elevados, o ser transita pelos sítios tumultuados do desespero a que se entrega, quando poderia ascender aos planaltos da harmonia que o aguardam com plenitude.

Enquanto permanece esse estado no comportamento humano, as obsessões se transformam em verdadeiro flagelo para todos aqueles que se deixem aprisionar nas suas amarras.

A obsessão apresenta-se sob muitos disfarces, tornando-se cada vez mais grave na sociedade hodierna que teima em não a reconhecer, nem a considerar Religiosos apegados a fanatismo injustificável descartam-na, acreditando-se credenciados a saná-la onde se manifeste, mediante o poder da fé e a autoridade que se atribuem.

Acadêmicos vinculados ao cepticismo em torno da imnortalidade do Espírito nas diversas áreas em que se movimentam, especialmente nas denominadas’ ciências da alma, recusam-se a aceitá-la, convertendo o ser humano a uma situação reducionista, materialista, que a morte consome, aniquilan do-o.

Arreligiosos, embriagados pela ilusão dos sentidos ou portadores de empáfia, afirmam-se imunes à enfermidade traiçoeira por indiferença aos elevados fenómenos espirituais, que se multiplicam, volumosos, e são desconsiderados.

Multidões desinformadas da realidade da vida banqueteiam-se na irresponsabilidade, comprometendo-se lamentavelmente através de condutas esdrúxulas e imorais, gerando faturas calamidades para cada um dos seus membros.

E mesmo incontável número de adeptos do Espiritismo, com profundos esclarecimentos e orientação, não poucas vezes opta pela leviandade e arrogância, comprometendo-se com a retaguarda onde ficam em expectativa aqueles que foram iludidos, defraudados, maltratados pela sua insensatez.

A vida sempre convoca à reparação todo aquele que se compromete, perturbando-lhe os estatutos superiores.

Ninguém, que defraude a ordem, deixará de sofrer a consequência da atitude irrefletida.

Cada ser humano conduz no imo a cruz para o sofrimento ou a transforma em instrumento de ascensão conforme se comporte durante o périplo terreno.

Os sofrimentos, que surpreendem os Espíritos após desvestirem-se da roupagem física, são decorrência natural dos seus próprios atos, assim como as alegrias e bênçãos que desfrutem.

Não se tratam, portanto, os primeiros, de punições severas impostas pela Divindade, mas de processo natural de reparação, nem as outras de concessão gratuita oferecidas aos privilegiados. O Amor vige em tudo, facultando aos equivocados os sublimes mecanismos para a reparação dos erros e a edificação no Bem que se encontra ao alcance de todos.

Podemos dizer, portanto, que a obsessão pode ser considerada como o choque de retorno da ação infeliz perpetrada contra alguém que enlouqueceu de dor e de revolta, necessitando de tratamento adequado e urgente.


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Este livro é mais um brado de alerta aos companheiros da trilha física, para que não se descuidem dos deveres que nos dizem respeito em relação a Deus, ao próximo e a nós mesmos.

Toda semente de ódio, deixada a esmo pelo caminho, sempre se transforma em plantação de infelicidade, proporcionando colheita de amarguras.

Somente o amor possui o recurso precioso para facultar harmonia e alegria de viver.


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Reunimos, na presente Obra, várias experiências que vivenciamos no Hospital Esperança em nossa Esfera espiritual, no qual se encontram internados inúmeros irmãos, falidos e comprometidos com o seu próximo, em lamentáveis estados de perturbação, sedentos uns de vingança, despedaçados outros pelas circunstâncias ultrizes e fatores de desespero a que se entregaram durante a reencarnação, após haverem abandonado os compromissos nobres, que substituíram pela alucinação e pelo transtorno moral que se permitiram.

Nesse Nosocômio espiritual encontram-se recolhidos especialmente pacientes que foram espiritistas fracassados, graças à magnanimidade do Benfeitor Eurípedes Barsanulfo que o ergueu, dando-lhe condição de santuário para a saúde mental e moral, e o administra com incomparável abnegação auxiliado por outros dedicados servidores do Bem e da Caridade.

Apresentamos a narração de várias vidas e suas histórias reais, esperando que sensibilizem aqueles que nos honrarem com a atenção da sua leitura, auxiliando-os a não se permitirem comprometimentos desastrosos semelhantes.

As experiências que recolhemos serão úteis a todos os indivíduos interessados na felicidade pessoal, porque os despertarão para os elevados compromissos assumidos perante a Consciência Cósmica e os seus Guias espirituais antes do renascimento físico.

Não obstante, para outros que conhecem a luminosa orientação do Espiritismo, serão mais vivas e penetrantes, por demonstrarem que a crença é muito importante, no entanto, a vivência dos postulados exarados na Codificação tem regime de urgência e não pode nem deve ser postergada.

A muitos companheiros de lide espírita as nossas informações causarão estranheza, a outros parecerão fantasias de mente em desalinho, porque não encontraram antes informações idênticas em detalhes nas Obras básicas da Doutrina, esquecendo-se que o ilustre mestre de Lyon afirmou que não estava apresentando a primeira nem a última palavra em torno dos temas que tratava, e que o futuro se encarregaria de confirmar o que estava exarado, ampliar as informações ou corrigir o que estivesse em desacordo com a Ciência.

Como nenhuma das afirmações doutrinárias conforme-las ofertou Allan Kardec pôde ser superada ou considerada inexata até este momento, é justo que se lhes possa adir novas lições espirituais, dando prosseguimento às memoráveis experiências de vidas no Além-Túmulo, quais as que se encontram na admirável Obra O Céu e o Inferno, mmarradas com a segurança da sua pena sábia e vigorosa.

Esperando que nossa contribuição espiritual possa auxiliar algum leitor que nos dignifique com a sua atenção, consciente como estamos da responsabilidade que nos diz respeito, suplicamos as bênçãos do sublime Terapeuta para todos nós, Seus pacientes em recuperação.


Salvador, 15 de janeiro de 2001.


Manoel Philomeno de Miranda