A conferência oferecera-me valioso material para meditação, especialmente na parte em que o orador se referira à interferência das Entidades desencarnadas, produzindo transtornos depressivos, mediante os lamentáveis processos de obsessão.
Irrompendo em onda caudalosa, essa psicopatologia moderna, ora denominada como a doença do século, investe contra uma verdadeira multidão de criaturas reencarnadas, cujo processo se prolonga além da roupagem física, advindo a desencarnação.
No dia seguinte, Alberto apresentou-me ao Dr. Orlando Messier, que fora, no país onde vivera a sua mais recente experiência carnal, devotado psiquiatra que se dedicara ao estudo da psicologia com alma.
Não conhecera o Espiritismo conforme a estrutura doutrinária defluente da Codificação Kardequiana.
No entanto, mediante cuidadosas investigações com os seus pacientes, ao lado da análise demorada das obras dos drs.
Roberto Assagioli e Viktor Frankl, conseguira detectar a sobrevivência do Espírito à disjunção molecular da matéria e entender a interferência que os desencarnados exercem na conduta dos viandantes terrestres.
Tivera também oportunidade de atender a diversos pacientes portadores de obsessões, em cujas oportunidades se manifestaram os seus algozes, bem como examinou a contribuição do psiquiatra Karl Whikland, através das narrações das suas experiências de consultório, exaradas no livro Trinta anos entre os mortos, que o auxiliaram a aceitar a realidade da vida além do corpo, facultando-lhe desenvolver psicoterapias valiosas no atendimento àqueles enfermos mentais que o buscaram.
Desencarnado, foi convidado a especializar-se no Sanatório Esperança, onde se encontrava em atividade socorrista fazia mais de dez anos.
Também estivera na conferência da noite anterior e encontrava-se vivamente fascinado com a exposição do visitante ilustre.
Para ele não houve propriamente novidades quanto às origens dos distúrbios psicológicos e das alienações mentais, bem como no tocante às terapias que eram aplicadas largamente em nosso pavilhão.
Todavia, as referências procedentes de mais doutos conhecedores da psique humana, perfeitamente concordes com as suas conclusões, constituíam-lhe motivo de compreensível gáudio.
Foi, portanto, num clima de muita cordialidade, que decorreu o nosso encontro, propiciando-me mais amplas possibilidades de aprendizagem.
O amigo recente dirigia-se a uma das Enfermarias onde se hospedam os irmãos violentos, não se escusando a uma conversação fraterna que ele próprio iniciou.
— Convenço-me, cada vez mais — informou-nos Dr. Orlando — que ao lado de todos os tratamentos especializados para a cura da depressão, assim como de outros distúrbios de comportamento, o trabalho desempenha um papel terapêutico fundamental.
O mesmo acreditamos, no que diz respeito à psicodança.
Enquanto a mente do enfermo se encontrar direcionada para um objetivo saudável, desvinculandose da ideia depressiva, irá regularizando a distonia e provocando uma positiva reação cerebral, face à imposição do pensamento bem direcionado, que agirá nos neurônios, favorecendo-lhes as sinapses em ritmo equilibrado.
O trabalho é recurso muito valioso para fazer o tempo passar, informa a tradição terrestre, mas, sobretudo, para que passe de maneira saudável e dignificadora, acentuamos nos.
Felizmente, a praxiterapia vem sendo utilizada com propriedade, colhendo resultados positivos. "Quando o indivíduo se envolve com qualquer tipo de trabalho ou responsabilidade edificante, concentra-se na sua execução e mantém-se atento aos objetivos delineados.
Naturalmente estimulados pela ação mental saudável os neurônios produzem enzimas carregadas de energia que, à semelhança de fótons especializados, produzem harmonia vibratória nos neurotransmissores, proporcionando reequiiíbrio.
O mesmo milagre produz a oração.
Como porém, raros desses pacientes podem demorar-se concentrados na prece, na meditação ou nas leituras elevadas, porque entram em divagação pessimista, o trabalho e a dança, em razão do esforço físico para desempenhálos, produz resposta mais direta e imediata. "Sempre quando atendia um cliente portador de distúrbio depressivo, após as recomendações terapêuticas acadêmicas, propunha-lhe qualquer tipo de laborterapia, a começar por quase insignificantes esforços no próprio lar, no jardim, na reparação de objetos ou móveis quebrados até os serviços de beneficência em favor da comunidade.
Os resultados, apesar das permanentes negativas do mesmo em executá-los, explicando que lhe era quase impossível atender-me, redundavam sempre positivos.
Renascia-lhe o interesse pela vida, o desejo de prosseguir, a diminuição da ansiedade, a autoconfiança, claro que lentamente.
O importante era demonstrar-lhe as imensas possibilidades que lhe estavam à disposição e que, por momentos se encontravam adormecidas, aguardando somente o despertar da vontade e do esforço. "Como passo seguinte procurava identificar-lhe a confissão religiosa, a fim de estimulá-lo à crença em Deus, eliminando as propostas fanatizantes das diversas religiões, ensinando que o apoio divino nunca falta, e quando a criatura se entrega ao Criador, Ele corresponde-lhe com segurança e amor.
Esse meu comportamento causava estranheza em muitas famílias, nas quais se encontravam os problemas depressivos, bem como entre os colegas, quase sempre aferrados a terrível convicção materialista.
—Nas suas experiências com obsidiados na Terra, alguma vez sugeriu o trabalho como terapia libertadora?
— Somos também de parecer que o trabalho é, realmente, um dos mais eficazes mecanismos de promoção do indivíduo.
— Meu Pai trabalha até agora e eu também trabalho, demonstrando a alta significação desse procedimento.
Não poucas vezes, estimulando os obsessos ao trabalho, eles reagiam justificando-se incapacidade de realizar alguma coisa de útil, ao que lhes objetava, informando que sempre se pode fazer algo, mínimo que seja, quando se tem interesse.
E insistindo, conseguia auxiliá-los a sair da inércia, da auto compaixão, da frustração existencial ou da revolta neles instalada pela ação corrosiva da obsessão... "Quando a mente se desvincula de atividades enriquecedoras, o drama da obsessão se torna mais grave, porque a insistente ideia transmitida torna-se acolhida pelo enfermo, que passa ao diálogo desestruturador do comportamento.
— A oração, por sua vez, produz uma interação mente-corpo, espíritomatéria, de incontáveis benefícios.
Examinemos, por exemplo, o que sucede com as ideias desconcertantes.
A medida que o paciente as fixa, uma energia deletéria se prolonga pela corrente sanguínea, partindo do cérebro ao coração e espraiando-se por todo o organismo, o que produz desconforto, sensações de dores, dificuldades respiratórias, taquicardias, num crescendo que decorre do estado auto-sugestivo pessimista, que ameaça com a possibilidade de morte próxima, de perigo iminente de acontecimento nefasto e semelhantes...
Trata-se essa, sem dúvida, de uma oração negativa, cujos efeitos imediatos são aflição e desalinho emocional.
Tal sucede, porque a mente visitada pelos pensamentos destrutivos responde com produção de energia tóxica que alcança o coração — o chakra cerebral envia ondas eletromagnéticas ao cardíaco, que as absorve de imediato — e esparze pelo aparelho circulatório os petardos portadores de altas cargas dessa vibração, somatizando os distúrbios.
Da mesma forma, portanto, a oração, que é a estruturação do pensamento em comunhão com as elevadas fontes do Amor Divino, permite que a mente sintonize com os campos de vibração sutil e elevada, realizando o mesmo processo, somente que de natureza saudável e reconfortante.
Captadas essas ondas pelo psiquismo, irradiam-se do espírito ao perispírito, que aumenta a resistência energética, vitalizando as células e os campos organizados da matéria, modificando-lhes a estrutura para o equilíbrio, a harmonia. "Quando alguém ora, torna-se um dínamo gerador de força, a emitir ondas de teor correspondente à qualidade da energia assimilada.
De incomparável resultado terapêutico, a oração é, também, ponte de ligação com a Divindade, na qual se haurem coragem e bem-estar.
O exemplo mais dignificante vem de Jesus.
Sempre que o cansaço Lhe tomava o organismo, Ele buscava a oração, a fim de comungar com Deus, reabastecendo-se de vitalidade.
E era Ele quem con seguia alterar os campos de energia com a simples vontade, direcionandoa conforme Lhe aprouvesse. " Encontrava-me encantado com os conceitos lógicos do médico gentil, e recordava-me dos efeitos salutares da oração, toda vez, quando, na Terra e no Além, deixava-me conduzir pelas suas vigorosas correntes de ondas saudáveis.
— Estou seguro de que a Evangelhoterapia é o recurso precioso para produzir a recuperação do equilíbrio das criaturas, preservá-lo naquele que já o possui e irradiá-lo na direção de quem se encontra necessitado. "Partindo-se do princípio através do qual todos reconhecemos que o paciente mental necessita de compreensão, bondade e estímulo constante, nas lições do Evangelho de Jesus, mesmo tendo-se em vista algumas distorções que decorrem das traduções incorretas, infiéis, ou das adulterações que experimentou durante os quase dois milênios, assim mesmo ainda é um repositório de otimismo, de esperança e de conforto moral, difícil de ser encontrado em outra qualquer Obra da humanidade.
Não negamos a excelência de outros livros básicos de diversas religiões, ricos de misericórdia, de paz e de consolo espiritual.
No entanto, o Evangelho, face à sua linguagem simples e profunda, ética e atual, dá-nos a impressão que foi elaborado para este momento tormentoso que se vive no planeta terrestre, atendendo a todas as necessidades do ser humano.
A sua leitura calma, com reflexão, objetivando entender as ocorrências existenciais, constitui incomum medicamento para o Espírito que se recupera da ansiedade e dos distúrbios que o afetam, repousando na alegria de viver.
Ademais, sua proposta de saúde fundamenta-se no amor, em todo o bem que se pode fazer, no deslocamento do eu para o nós, do isolamento a que se arroja o enfermo para a solidariedade que aguarda a sua parcela de cooperação. "Com essas disposições interiores, altera-se para melhor a paisagem íntima, e Espíritos nobres, interessados no bem-estar de toda a humanidade acercam-se da pessoa, envolvendo-a em ondas de amor, de autoconfiança, de bem-estar, não poucas vezes apresentando-se nos estados oníricos, quando a reconfortam e a estimulam ao prosseguimento da jornada. "Todo indivíduo é constituído de antenas psíquicas transceptoras, que emitem e captam ondas equivalentes à sua capacidade vibratória, portanto, à intensidade e qualidade da energia que exterioriza.
Não é, pois, de estranharse, que cada qual viva conforme pensa, tomando-se feliz ou desventurado em razão das ideias que agasalha na mente. " Estávamos quase chegando à Enfermaria, quando o psiquiatra nos convidou a entrar, caso não tivéssemos outra tarefa em pauta no momento.
Alberto e eu nos olhamos, e porque não nos encontrássemos comprometidos com atividade imediata, anuímos, acompanhando-o.
— E que me diz sobre a aplicação dos fármacos e antidepressivos outros, quais o Prozac, tão utilizado atualmente nos diversos transtornos emocionais e em alguns outros mentais?
— O avanço da ciência, buscando entender e solucionar os graves problemas humanos, é considerável, constituindo-se numa demonstração do amor de Deus pelas Suas criaturas, diariamente enviando àTerra os Seus missionários em todas as áreas, a fim de alterar as ocorrências para melhor, estabelecendo parâmetros de equilíbrio e de paz, bem como de renovação e de saúde para todos.
Os fármacos antidepressivos em geral, têm por meta elevar os níveis da serotonina, bem como da noradrenalina, substâncias relacionadas com a depressão conforme ouvimos na conferência da noite passada.
Significa dizer, que têm por meta aumentar a quantidade de neurotransmissores no cérebro, que lhes sofre carência.
O que ainda merece estudos é a necessidade de compreender-se como as alterações que ocorrem em uma molécula tão simples podem produzir transtornos tão profundos no comportamento do ser? Sabemos, nós outros, os estudiosos da vida espiritual, que essa ocorrência tem sua gênese no processo reencarnatório, quando o Espírito imprime nos genes as suas necessidades evolutivas, desencadeando os distúrbios correspondentes ao processo de crescimento moral no momento adequado da vida física.
Não obstante, os antidepressivos oferecem resultados positivos de acordo com a ficha cármica de cada paciente, porque a função, por exemplo, do Prozac, composto denominado hidrocloreto de fluoxetina, é bloquear a captação da serotonina, constituído de tal forma semelhante àquela, que pode enganar os neurônios, competindo com a mesma na sua captação e deixando-a na face extenor da célula.
Como todos os fármacos objetivam alterar diretamente a química cerebral, inevitavelmente produzem dependência e algumas sequelas, que podem ser contornadas pelo psiquiatra e também pelo esforço do próprio paciente no processo de recuperação. "Variam as opiniões de especialistas em torno do Prozac.
Alguns consideram-no como excelente, com respostas positivas quase imediatas à sua aplicação.
Outros, no entanto, evitam-no, por haverem constatado em alguns dos seus clientes resultados menos felizes, até mesmo indutivos ao suicídio...
Tudo isso tem a ver, sem dúvida, com o passado espiritual do enfermo, porquanto, cada indivíduo possui as conquistas que o tipificam, diferenciando-o dos demais.
O medicamento que, em alguém produz resultado positivo, noutrem desencadeia distúrbios e efeitos diferentes, como é compreensível, face à estrutura orgânica de cada qual. "Reconhecendo e valorizando a contribuição científica dos nobres pesquisadores e dos resultados das suas conquistas em favor dos pacientes depressivos como de outras enfermidades, a conduta do recuperado terá muito que ver com o seu processo de preservação da saúde, evitando as perturbadoras recidivas que invariavelmente acontecem por novos desvios de comportamento, por falta de identificação com os valores enobrecedores da vida, por abuso e desgaste das energias nos prazeres exorbitantes e primários.
‘Avançamos, a pouco e pouco, para a eliminação das terapias realizadas mediante a aplicação de drogas que, por enquanto, ainda se fazem necessárias.
— Em cada de um nós se encontram ínsitos os valores da saúde e da doença, dependendo da ocorrência de fenômenos adequados para a sua manifestação...
Entremos!