O Grupo Espírita Emmanuel, de Belo Horizonte, Minas Gerais, congrega militantes da Doutrina Espírita interessados particularmente pelo estudo e divulgação do Evangelho à luz da Codificação.
Reuniões, cursos e estudos intensivos com a finalidade de retirar da letra o espírito que vivifica vem sendo empreendidos com companheiros simpatizantes desta proposta, não só em Belo Horizonte, como também no Estado de Minas Gerais e por toda a extensão do território Nacional.
Nesta área o Grupo tem se constituído no grande laboratório da aprendizagem da mensagem de Jesus, sob as luzes do Espiritismo, dádiva maior recebida pela Humanidade para a atualidade e futuro do mundo em marcha para a Regeneração.
Em meio aos estudos e conclusões reeducativas, companheiros de jornada nos fazem sentir a necessidade de algumas anotações a respeito, alegando que as desejam ao seu alcance, para exame e aplicação, salientando ainda que seria muito conveniente e oportuna mais ampla divulgação d assunto.
Daí a razão desta obra, que nasce do sincero desejo de contribuir para melhor entendimento e vivência da Boa Nova, sob o novo enfoque da Terceira Revelação.
De inesquecíveis experiências, portanto, emergiram estas páginas, cujos autores, encarnados e desencarnados, encontram-se empenhados na luta incessante de levar para o campo prático, legítimo território de relação em nome do Amor, os abençoados registros que puderam inscrever em seus corações.
Eis aqui o nosso trabalho.
Oferecemo-lo aos estudiosos como simples e modesta colaboração.
Cabe-nos advertir que ele não constitui o marco inicial, porque outros já o fizeram e de maneira extraordinária. Nem é o ponto final.
Estamos em evolução. Evoluem as ideias, os métodos, tudo.
Que sirva de inspiração a outros tarefeiros que possam, com a ajuda dos prepostos do Senhor da Seara, desvendar novos caminhos para aprendermos, sentirmos e exemplificarmos as lições do Mestre.
A implantação das reuniões de estudo da Boa Nova, foi adotada como medida capaz de favorecer, pela troca de ideias, a identificação mais lúcida da essência dos ensinos, canalizados por Jesus.
Trabalhados pelos discípulos e demais seguidores do Mestre e apontando para o grande futuro, os registros estão encerrados na forma de alocuções diretas, parábolas, acontecimentos, fatos extraordinários, curas, profecias. Tudo foi carinhosa e inspiradamente apropriado pelos evangelistas que, por seu amor e abnegação, ofereceram à Humanidade o ensejo de conhecer o Meigo Rabi da Galileia e Sua mensagem libertadora, de que o próprio planeta não poderia prescindir em sua marcha ascensional.
As inspiradas anotações chegaram até aos nossos dias, transportando em seu bojo, a essência preciosa dos ensinamentos do Cristo que, exteriorizada da letra de que se reveste, abre-se em luzes e bênçãos, felicitando corações que se lançam em efetiva jornada para Deus. São tais registros os eficientes instrumentos didáticos, usados com sabedoria pelo Mestre, a fim de que o substrato espiritual pudesse ser conservado em sua pureza.
A integração, a liberdade de expressão, o espírito de pesquisa, com a utilização de obras espíritas e outras respeitáveis, passaram a ser os elementos adotados, com êxito, na atividade de análise interpretativa da Boa Nova, não faltando, com recursos de inestimável valor, vasto número de obras auxiliares, chave bíblica, dicionários.
Num ambiente descontraído, ao embalo do entusiasmo e vontade de aprender, o trabalho é levado a efeito em torno de uma mesa. Com ampla troca de ideias, argumentos, cotejo de referências bíblicas, comparações, pesquisas em livros ou peças avulsas que tratam do assunto, toda a atenção é direcionada para versículo evangélico escolhido, que verte da letra seu conteúdo sublimado.
Com essa dinâmica e nesse clima de acentuadas vibrações cristãs surgiram as primeiras reuniões do Miudinho.
Trabalhar o como estudar o Evangelho" é tarefa difícil, a tocar com suavidade a sensibilidade de cada qual, obedecidos os patamares que já puderam alcançar. Entretanto, muitos têm sido os estudiosos que procuram, com maior ou menor êxito, identificar estratégias para o seu estudo e interpretação, colocando-as ao nosso dispor em todos os tempos.
Como registro ao leitor que se dispõe ao exame deste trabalho, podemos enumerar alguns itens que têm sido adotados, com êxito, na busca da essência para além da letra que a transporta: a) Empenhar-se no estudo intensivo da Doutrina Espírita, principalmente de seus princípios fundamentais. b) Ter em conta que o conteúdo espiritual do Evangelho pode ser identificado a partir de um texto completo, de um versículo, de uma frase, de uma expressão ou mesmo de uma só palavra, observado o seu sentido no trecho sob análise. c) O primeiro passo será sempre entender bem o aspecto literal do texto. Para isso, promover atenciosa leitura, considerando o significado exato de cada palavra, tempo e pessoas dos verbos, lugar, ocasião, circunstâncias, profissões e cargos, expressões e hábitos vigentes à época de Jesus, utilizando-se, se necessário, de dicionários. A par disso, não se pode contentar, contando hoje com os postulados espíritas, com um Evangelho puramente descritivo ou histórico, fixado no tempo e no espaço e hoje lido com unção por muita gente. d) Buscar cuidadosamente o seu conteúdo espiritual. Este é o que dá vida, universalidade e eternidade à Boa Nova. Tão importante é esse fator que Jesus nos alerta: ". as palavras que eu vos disse são espírito e vida. " (Jo
Diante de um texto da Boa Nova, abrem-se, segundo o grau de interesse, de sensibilidade e de determinação, várias janelas pelas quis o aprendiz visualiza todo um território vibracional em que o pensamento do Cristo circula radioso, canalizando os mais suaves valores na direção das profundezas do espírito imortal.
Os personagens do texto, evidenciados na pergunta didática: quem, chegam até nós, proporcionando-nos condições de identificá-los ou não em ângulos de nossa personalidade. É por esta estratégia que o aprendiz consciente e sincero, pode perceber dentro dele facetas peculiares, por exemplo, a fariseus, saduceus, escribas, cegos, paralíticos, surdos, coxos, mortos, ou ainda, um Nicodemos, um Zaqueu, um Levi, ou um jovem rico. Incorporando-nos às figuras do próprio texto, habilitamo-nos a detectar em nós próprios, padrões ou atitudes, de ordem positiva ou negativa que lhes eram peculiares, a nos sugerirem implementação de recursos ou mudanças de base, nas profundezas da alma. A partir daí o texto vivifica. Pela auto análise e na aplicação do conhece-te a ti mesmo levantamos caracteres peculiares àqueles personagens e que podem ou não estar presentes em nossa intimidade, tais sejam: hipocrisia, extremismo fanatizante, conhecimento não acionado, cegueira, paralisia ou surdez espirituais, ou quem sabe, nossa posição cadaverizada na indiferença ou na cristalização ante a dinâmica da vida. Evidenciam-se, também, o interesse e as inquirições de um Nicodemos, a determinação de um Zaqueu, em ver Jesus, as mudanças de um Levi ou o medo e a insensibilidade do jovem rico.
Deus e Jesus, ante a pergunta quem, ressaltam muitas vezes do texto, a indicarem nossa fonte de inspiração e o caminho que efetivamente necessitamos trilhar.
Lugares e ambientes emergem em resposta ao onde. O Mestre definia acontecimentos em locais didaticamente escolhidos, Jerusalém, Jericó, Samaria, Galileia, Tiro e Sidon, Cesareia de Filipo, monte, recebedoria, junto do caminho, Tiberíades, vinha. são regiões ou ambientes presentes na extensão territorial de nossa alma, a definirem moradas ou estados de espírito, ante a introjeção das citações do texto sob análise. Mente voltada aos padrões superiores da Vida (Jerusalém), cultivo de interesses materialistas ou transitórios (Jericó), posturas dogmáticas ou intransigências (Samaria), simplicidade (Galileia), desconhecimento dos padrões reeducativos mais avançados (Tiro e Sidon) são moradas de trânsito ou de maior duração que costumamos escolher nas reencarnações.
Igualmente podemos eleger momentos de elevação do espírito (monte), acomodação em pontos de culto ao egoísmo contumaz, utilização viciosa dos serviços dos outros para si (recebedoria), próximo, mas ainda fora dos valores espirituais (junto do caminho) ou equilíbrio, oscilações, empenho de arregimentação de valores no mar da vida (Tiberíades).
Podemos contar com gratas emersões que projetam para a vida imortal, refletindo sobre a vinha, que sugere videiras, uva, vinho, recolhendo daí, preciosas indicativas para as realizações edificantes. Ideia do trabalho gratificante. Pela capacidade de testemunho, vamos sentir em meio ao labor, o surgimento do vinho, substrato abençoado do Amor.
Tempo, circunstância, são respostas à pergunta: quando?. Os momentos em que se operavam os fatos, ou as orientações oferecidas pelo Mestre estão sempre envolvendo ângulos relacionados com o tempo, abrindo perspectivas de registros importantes para o espírito. Dia, noite, tarde, logo, naquele dia, depois disto, inverno, sábado, reservam inestimáveis ensinamentos quando trabalhados com naturalidade no estudo da Boa Nova.
O dia é o momento da claridade interior, do discernimento. Às vezes cultivamos a treva da ignorância e nos acomodamos (noite) ; momento em que se completam estágios, períodos, provas, ou tempo concedido (tarde).
A decisão e atitudes sem delongas, ao abraçar determinadas indicativas (logo), momento propício de cada qual em atendimento a tempo certo (naquele dia), sequência de fatos, sem amarras com a retaguarda (depois disto), fases de dificuldades (inverno), fim de etapa, momento de aferição (sábado) aparecem em cada texto, sugerindo ao participante olhos de ver e ouvidos de ouvir.
Tal indagação integra o sistema simples de se apropriar o melhor no estudo e interpretação do Evangelho. Normalmente a resposta vem com os verbos do texto, para o que devemos atentar quanto ao tempo, modo, pessoa a transmitirem a mensagem com exatidão, com propriedade.
Saiu, viu, assentado, chegando, subindo, parando, pescar, correndo, caminhando. merecerão sempre atenção especial pelas cargas vibratórias que carreiam. A cada momento vemos Jesus, saindo, vendo, chegando, subindo, parando (para continuar), em valiosos apontamentos sugerindon os a adoção de postura operacional sequenciada. De outro lado, vimo-nos, também, inertes ou indiferentes nos circuitos fechados, ao analisar quem está assentado, clamando, pedindo.
Atitudes, gestos. Residem também nos vocábulos que definem tais posições, inclusive os substantivos, advérbios ou adjetivos, elementos da maior importância que, devidamente dimensionados em seu sentido espiritual, oferecem as mais notórias sugestões para o processo reeducativo.
O Espiritismo elegendo a fé raciocinada, capaz de encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade, trabalhando o tema religião em suas conotações renovadoras, com base no Evangelho, acionado no campo íntimo e a refletir-se para o exterior na forma de Bem em favor de todos, é sem dúvida, a chave que nos leva a retirar da Mensagem de Jesus, a sua essência divina.
Dentro dessa ótica, a Terceira Revelação ampliando os horizontes da alma, não nos leva ao tempo de Jesus. Transfere, sim, para hoje, adequando para os dias que passam, as sementes do Amor, por Ele lançadas nos ambientes simples que O acolheram há dois mil anos, vitalizando-as no solo do conhecimento e do sentimento, ao nível da fé raciocinada, para que elas germinem, cresçam, medrem e frutifiquem na intimidade dos que se despertam e se lançam, no rumo do futuro radioso, pela ação da Caridade.
Finalmente, devemos agradecer pelo que somos e por tudo que nos seja dado realizar no mundo.
Com relação a este livro, nossos agradecimentos transcendem os limites da Terra.
Sentimo-nos no dever de fazê-lo aos companheiros de Doutrina, quanto às valiosas ideias, colaborações e apontamentos que nos forneceram.
Cumpre-nos registrar, também, a nossa gratidão aos Espíritos a cuja inspiração atribuímos todo e qualquer mérito em sua execução.
E mais. Aos que direta ou indiretamente se empenharam na compilação desses registros, muitas vezes com o sacrifício de suas atividades pessoais e de seu tempo, mas sempre com carinho, dedicação e paciência, transferimos, desde já, cada vibração e cada sorriso de quantos possam usufruir de seu conteúdo, em seu esforço de conhecer, viver ou divulgar os ensinos de Jesus, ao enfoque da sublime Doutrina dos Espíritos.
Belo Horizonte, Outubro de 1997.