Luz Imperecível

CAPÍTULO 101

AO SABOR DA JUSTIÇA



Mt 18:34


E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia.

E, INDIGNADO, O SEU SENHOR O ENTREGOU AOS ATORMENTADORES, - Costumamos atribuir a Deus as qualidades e reações próprias do homem.

Indignado, pois outro deveria ser o procedimento daquele servo, perdoado de dívida tão ampla. Várias são as passagens evangélicas em que Jesus utiliza essa terminologia. Também, não são poucas as vezes em que nos colocamos como indignos, não merecedores da gama infinita de valores que se canalizam em nosso favor. Novamente, o Mestre fala de indignação, referindo-se ao sentimento daquele Senhor para com o servo, não no sentido de cólera ou revolta, mas pelo escândalo de não ter ele feito jus ao benefício de que fora objeto.

O fato de ser entregue aos atormentadores traz à evidência a Lei de Causa e Efeito.

O que atormenta a criatura são as situações que, apesar de desfavoráveis, contribuem para o seu reequilíbrio e reajustamento. Com relação à Lei de Ação e Reação, há três posições: primeira - ajustamo-nos a ela (harmonia) . Os reinos mineral, vegetal e animal (irracional) coexistem harmonicamente com as leis. Não há dor moral, nem provas, nem expiações. segunda - sob o guante da Lei: o racional - que usa mal o seu livrea rbítrio. terceira - acima da Lei: adesão por amor aos princípios divinos, superando-a, tornando dispensáveis quaisquer medidas coercitivas.

Ao servo foi proporcionada a oportunidade de quitar-se pelas vias do Amor que cobre a multidão de pecados. Rejeitando-a, submeteu-se ao império das engrenagens cármicas para o ressarcimento das dívidas contraídas. Nesses mesmos parâmetros situamo-nos, todos nós, beneficiários da bondade do Criador, sem contudo, nos utilizarmos do ensejo, para desfechar o voo com as asas do Bem, desprendendo-nos das teias de caprichos e cristalizações que nos têm retido na retaguarda.

ATÉ QUE PAGASSE TUDO O QUE DEVIA. - Não mais. Nada de inferno eterno. O fogo purificador das provas e expiações dura só enquanto houver combustível dos erros, das imperfeições, o que tem curso tanto no plano físico como no espiritual.

A quitação dos débitos está adequadamente ajustada aos sábios componentes da Justiça que, ao tempo em que asseguram a harmonia no Universo, trazem, também, a mensagem didática a impulsionar os seres aos patamares do aprendizado e da segurança. Digno de registro o fato da experiência imputada à título de pagamento, ter o fator duração condicionado, exclusivamente, à extensão da dívida. Isto na pior das hipóteses, já que, no âmbito da Misericórdia Divina, o sofrimento cármico, costumeiramente, fica aquém das complicações criadas pelo devedor, especialmente quando este esteja empenhado em favorecer sua própria recuperação, cultivando compreensão e humildade.