Luz Imperecível

CAPÍTULO 130

PREPARATIVOS



Mc 14:12


E, no primeiro dia dos pães asmos, quando sacrificavam a páscoa, disseram-lhe os discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comer a páscoa?

E, NO PRIMEIRO DIA DOS PÃES ASMOS, - Tendo em vista que Festa da Páscoa ou Páscoa do Senhor, ou ainda, a Festa dos Pães Asmos durava sete dias, verificamos que os discípulos diligenciaram para que as providências daquela comemoração fossem adotadas em tempo hábil. O p rimeiro dia é o momento adequado no encaminhamento dos fatos ou situações de nossa alçada. É a hora de prover-se o Espírito dos valores para a grande passagem, na conquista dos padrões que são oferecidos pela Misericórdia do Criador.

Se em Mateus, aprendemos: orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado, (Mt 24:20) , imperioso é atentarmos para a importância do primeiro dia no atendimento de qualquer tarefa que nos compete, para o aproveitamento positivo e mais abrangente de cada lance que nos é proposto nos passos de sua execução.

Para que o trânsito, de antigas concepções e condicionamentos rumo à concretização dos ideais possa se fazer, com êxito, oportuno se torna reunir decisão, recursos adequados, e movimentá-los todos, a partir do primeiro instante em que as circunstâncias os apontam às nossas vidas.

Os pães asmos, ou seja, sem fermento, definem sinceridade de propósitos que devemos alimentar na empreitada que assumimos com o Cristo, isentos das insinuações do crescimento exterior (LV 2:11 ; 1Co 5:7-8) . Esse crescimento deve ceder lugar às filtradas afirmações do Espirito Imortal, conquistáveis pela assimilação ampla daquilo que nos ensina João Batista quando, referindo-se a Ele, declara: É necessário que Ele cresça e que eu diminua (Jo 3:30) .

QUANDO SACRIFICAVAM A PÁSCOA, - A páscoa que significa passagem é várias vezes referida na Bíblia. Foi instituída no Egito para comemorar o acontecimento culminante da saída dos hebreus rumo à Terra Prometida (Ex 12:1-10; 12 e 14 e 15; 13 e 15 ; DT 16:1-3).

Aquela noite memorável seria sempre celebrada em honra do Senhor, porque foi nela que Ele feriu os primogênitos dos egípcios, poupando as casas do povo subjugado, em cujas ombreiras havia o sangue do cordeiro. Todos deviam estar de pé, com os bordões nas mãos, cingidos os lombos, esperando a ordem de marcha. A festa começava no dia 14 do mês de abibe à tarde, isto é, ao principiar o dia 15, com a solenidade dos asmos. (LV 23:5) . Deviam matar o cordeiro ao entardecer. Seria ele assado inteiro e comido com pães asmos e alfaces bravas (Ex 12:8) . O sangue derramado representava expiação, as alfaces bravas significavam a amargura do cativeiro, os pães asmos eram o emblema da pureza.

A ceia pascoal devia ser tomada pelos membros de cada família. Se esta fosse pequena, chamavam alguns vizinhos até que houvesse número suficiente para comer o cordeiro todo (Ex 12:4) . O chefe da casa recitava a história da redenção.

Empregavam quatro cálices de vinho misturado com água de que a Lei não fala; Cantavam os Salmos (Sal. 113 e 118, Is 30:29, Sal. 42 e
4) ; p unham à mesa um prato de frutas desfeitas em vinagre, formando uma pasta, como recordação da argamassa que eles empregavam nos trabalhos do cativeiro. A ceia pascoal servia de introdução a toda solenidade que durava até ao vigésimo primeiro dia do mês, (Ex 12:18 ; LV 23:5-6; DT 16:6-7).

A duração de sete dias não foi comunicada ao povo senão depois da saída do Egito, (Ex 13:3-10).

Nos sete dias só poderiam comer pães asmos. Em a noite de pascoa não deviam ter fermento em suas casas; por consequência, a farinha que tomaram às pressas quando saíram do Egito, não tinha fermento.

Dali em diante, o pão asmo foi associado em suas mentes, não somente com a ideia de Sinceridade e Verdade, que era a essencial, mas também com a pressa que os impeliu a fugir do Egito.

Páscoa - é também o nome que se dá ao cordeiro imolado para a festa. Cristo é a nossa páscoa (1Co 5:7) . Semelhante ao cordeiro pascoal, era Ele sem defeito (Ex 12:5 ; 1Pe 1:18-1Pe 1:19), não lhe quebraram osso algum (Ex 12:46) . Estes apontamentos foram extraídos do Dicionário da Bíblia de John D. Davis.

A Páscoa dos cristãos é comemorada no dia da ressurreição e representa a vinda de Jesus, sua permanência na Terra e seu retorno vitorioso.

Examinando o assunto à luz da Doutrina Espírita, a Páscoa, compreendida até então como atitudes religiosas de expressões exteriores, passa a ter um sentido interior, sustentando pelo sacrifício e pela renúncia, e pela disposição sincera de renovação, patrocinando a retirada do ser dos vales do cativeiro para os planos mais elevados da libertação. Sob este aspecto é, sem dúvida, precioso passaporte de trânsito para outras plagas, garantindo-nos a entrada na terra íntima das realizações espontâneas do Amor, através Daquele que é, efetivamente, a porta de acesso aos planos imarcessíveis da redenção espiritual.

DISSERAM-LHE OS DISÍPULOS: AONDE QUERES QUE VAMOS FAZER OS PRPARATIVOS PARA COMER A PÁSCOA? - Todos os hábitos que se justificam pelo seu lado edificante, podem e devem ser observados. Era justo que Jesus e os apóstolos, sendo judeus, comemorassem a Páscoa, como os demais. Mas, a partir do instante em que começamos a pôr em dúvida a necessidade e a utilidade de alguma coisa, tal coisa pode mesmo ser abandonada.

Expressando um ato de fé, a comemoração da páscoa é uma prática simbólica, festejada através dos séculos, preparando os corações para os grandes testemunhos que garantirão, a tempo oportuno, a libertação do jugo escravizante da retaguarda milenar. Conscientes desse acontecimento, os discípulos, ao amparo da intuição, inquirem o Mestre quanto aos preparativos. Lícito, também, quanto aos planos efetivos de crescimento solicitar do Cristo, presente em potencial na própria alma, pelo fio sutil das inspirações, como identificar e aplicar os recursos que nos favoreçam o êxito na busca da grande vitória sobre nós mesmos.

Interessados no assunto, os discípulos revelam-nos pela diligência adotada, o cuidado que devemos ter acerca de tudo quanto seja de nossa competência. O que é preparado e trabalhado, em seus mínimos aspectos, com zelo e interesse, mais corresponde às finalidades; mais perfeito fica.

Os discípulos se posicionaram, isto é, recebendo ordens e predispostos ao trabalho, aos arranjos, para que tudo pudesse sair a contento. Será que já incorporamos esta atitude sábia para o melhor cumprimento de nossos deveres perante Jesus?